“ALEGRAI-VOS E EXULTAI, PORQUE SERÁ GRANDE A VOSSA RECOMPENSA NOS CÉUS”!
As Bem-aventuranças: sinais do Povo de Deus que irradia felicidade.
A liturgia de hoje nos mostra que Jesus Cristo e se manifesta e se realiza em ações solidárias e nas lutas de pessoas comprometidas com as bem-aventuranças, onde a lógica de Deus é diferente da nossa. Deus escolhe o que nós temos dificuldade para entender e a forma, como Ele pensa e age, confronta com nossas convicções e nos faz repensar nossas estruturas de vida.
A liturgia da palavra deste domingo nos leva refletir sobre o Reino e a sua lógica: apresenta projetos contrários aos ditames do mundo, onde o foco de Deus são os pobres, os humildes, os que aceitam se despir do egoísmo, do orgulho, dos interesses que os tornam felizes, em oposição às benesses oferecidas pelo mundo.
Peçamos que a vivência deste projeto de vida, junto aqueles que têm fome e sede, justiça e paz, nos motive a promover nossas ações, inserindo-nos na lógica de Deus que valoriza e promove a vida.
Primeira Leitura Sofonias 2,3;3,12-13
O texto nos mostra que o exílio na Babilônia causou sofrimentos e mortes ao povo de Deus que vivia uma época difícil, subjugado e maltratado pelos assírios, em terra alheia e influenciado por costumes e práticas religiosas, além das ofensas a Jahwéh e sua aliança.
O profeta vê, nos humildes e pobres, a esperança de continuar a obra da salvação: “deixarei entre vós homens humildes e dignos e, no nome do Senhor, não cometerão iniquidades nem falarão mentiras, não se encontrará em sua boca língua enganadora. Assim, os sobreviventes de Israel e Judá seguem com fidelidade o projeto de Deus.
O profeta denuncia o orgulho e a auto-suficiência dos ricos e dos poderosos e nos convida a conversão humilde e desapego aos bens materiais. Nosso Deus não está onde se cultiva a violência e a lei da força, mesmo alegando defesa da ética e da moral. A nossa civilização cristã está longe de assimilar a lógica de Deus. Pobre é uma atitude espiritual de quem tem o coração aberto a Deus e é justo com os irmãos.
Salmo Responsorial – Hino de louvor, que celebra a fidelidade eterna de Deus. Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Segunda Leitura 1 Cor 1,26-31
No texto, Paulo denuncia a atitude de quem coloca sua esperança e segurança em pessoas ou em esquemas humanos onde reina orgulho e soberba. Convida o fraco, que no mundo não tem nome nem prestígio, e os crentes a encontrar em Cristo a verdadeira sabedoria que conduz à salvação e à vida plena: foi na cruz que Ele deu a vida por amor – A LOUCURA DA CRUZ.
Segundo Paulo, é graças ao Pai que Cristo Jesus se tornou para nós sabedoria, justiça e santificação e, assim, “quem se gloria, glorie-se no Senhor”. Se vivermos estes preceitos, poderemos dizer que será grande nossa recompensa aqui na terra e a certeza do céu.
No domingo passado, vimos os problemas vividos pelos cristãos de Corintos que confundiam sabedoria de líderes com a fé no Salvador, o que mereceu exortação de Paulo de que só existe um único Mestre, Jesus Cristo. Ele é o Deus que, por amor, veio ao encontro dos homens e lhes ofereceu a salvação, não pela lógica do poder ou pela elegância das palavras, mas através do dom da vida. “O que é loucura de Deus é mais sábio que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”.
Surpreendendo os sábios, Deus escolheu e chamou os excluídos, pobres e escravos, formando a comunidade dos “desclassificados” para execução de seu projeto, quando os homens escolhem os ricos, espertos, sábios. Nós nos convencemos que o êxito de nossas realizações depende de fatores humanos, profissão, bem-estar social, poder, status.
Paulo alerta que o homem só se encontra plenamente em Cristo, o Crucificado, e aprenda com Ele o verdadeiro amor e o dom da vida. A teologia de Paulo nos ensina que o nosso Deus é o Deus que não faz escolha de pessoas e que, até, se serve da fraqueza, da fragilidade, para levar avante o seu plano de salvação e libertação. Não se trata de “endeusar” a pobreza, mas revelar o rosto de um Deus solidário com os humildes, explorados e marginalizados.
Evangelho - Mateus 5,1-12
O evangelho nos apresenta as bem-aventuranças, marcando o início do “Sermão da Montanha”. Jesus sobe à montanha, lembrando Moisés no Sinai que leva ao povo a Lei de Deus. Ele se posiciona, como mestre, rodeado de discípulos e curiosos, para proclamar o novo Reino. Em meio a uma realidade onde a prosperidade e o sucesso eram sinais de bênção, Jesus proclama felizes os pobres, os aflitos, os mansos, os famintos e eleva os marginalizados, dizendo não às injustiças.
Valoriza os pequenos e puros de coração e propõe compromissos radicais em favor das ações de misericordia. Aos fiéis seguidores, Ele anuncia perseguição e sofrimento por causa da justiça, prometendo a alegria da recompensa.
Mateus, depois de nos apresentar Jesus Cristo e sua missão, concretiza seu ministério com palavras e gestos, definindo a lógica da salvação.
As bem-aventuranças são fórmulas frequentes na tradição bíblica e judaica, significando dádivas de Deus por vida sábia e prudente. As bem-aventuranças evangélicas devem ser entendidas como a essência do ministério do Reino que o Messias veio instalar. Ele visa os pobres, marginalizados e desprezados que renunciam o egoísmo e, por isso, alcançarão a misericórdia Divina.
As bem-aventuranças são fórmulas frequentes na tradição bíblica e judaica, significando dádivas de Deus por vida sábia e prudente. As bem-aventuranças evangélicas devem ser entendidas como a essência do ministério do Reino que o Messias veio instalar. Ele visa os pobres, marginalizados e desprezados que renunciam o egoísmo e, por isso, alcançarão a misericórdia Divina.
O segundo grupo de bem-aventuranças existe para definir o verdadeiro cristão, o autêntico discípulo que se compadece, ama sem limites, alegra-se com o bem do irmão, chora com suas tristezas, abrindo seu coração aos necessitados. Estes são os puros de coração, os construtores da paz e parceiros na construção do Reino de reconciliação entre os homens. Neles reside a lógica de Deus.
A lógica do mundo, porém, é diferente: felizes os ricos e poderosos que comandam o mundo, comprando até a honra, o prestígio. Não levam desafora, dando o “troco”. Sua felicidade é o luxo e diversão e, seu deus, o dinheiro, o poder, sem se comover com a miséria e sofrimentos de pessoas. Suas metas é atingir objetivos, independente dos meios, mesmo que gere guerra e discórdia porque, o importante, é vencer a qualquer preço.
A lógica de Deus se resume no AMOR e ACOLHIDA.
Exatamente aqui começa nossa missão (clero e leigos), como batizados: ser profeta, na humildade, na simplicidade, escolhendo o que o mundo despreza como valores de vida. Ser de Deus, neste aspecto, é ser diferente para provocar a diferença, mesmo que isto no cause sofrimentos.A lógica de Deus se resume no AMOR e ACOLHIDA.
O que o povo mais necessita é de acolhida amorosa e amiga. A igreja católica, infelizmente, perdeu esta indiscutível referência de conquista e meio de cativar seu rebanho.