A ESPERANÇA É A RESSURREIÇÃO
A M O R T E - PORQUE TANTO TEMOR!...
1ª PARTE
Morte? Que horror! Não tem outro assunto mais digesto?!... Assunto, existe. É que falar na morte é “estimulante”, para uns, e “tremulante”, para outros. A morte é a certeza da vida. A morte é o começo... da eternidade. Ninguém gosta de falar desse assunto. É assustador e nós fugimos até em pensar naquele “esqueleto com sua arma ceifadora de vidas”, ou, então, cantamos:
“Ó morte, onde está tua vitória?...”
A) Como fato natural.
S. Francisco de Assis: Não devemos temer a morte, mas o morrer longe de Deus, em pecado mortal. “Louvado seja, meu Senhor, por nossa irmã a morte temporal, da qual homem algum pode escapar”.
O homem, como criatura de Deus, tem seu começo e fim. Não é infinito. Por que, então, tanto mistério em torno da morte, que tanto tememos? É que não somos sozinhos neste mundo e, na nossa condição humana, construímos relações, sentimos os irmãos como dom precioso e único de Deus, por isso, choramos a sua despedida, como se fosse uma parte de nós, em consequencia, dói. Sentir a dor diante da partida definitiva de alguém é um sinal de humanidade nas nossas relações.
Morte é a saudade que vai e a tristeza que fica. Morte é o amor que vai e a solidão que fica: O AMOR JAMAIS MORRE.
Morte é a saudade que vai e a tristeza que fica. Morte é o amor que vai e a solidão que fica: O AMOR JAMAIS MORRE.
“A morte é o termo da vida terrena para lembrar que temos vida limitada para realizar a nossa vida” (Cat 1007). A morte nos lembra que, o que realizamos nesta vida, está feito, sem chance de voltar atrás, ou seja, não há segunda oportunidade, nem revisão.
Morte é como o pedágio de passagem: não existe “atalho” ou segunda via. A morte nos lembra a grandeza e as limitações de nossa existência que exige de nós qualidade para poder afirmar que valeu a pena viver. A fé é o caminho que nos faz crer que nossa vida continua em Deus pela participação final na Ressurreição de Cristo. ““A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe concede para realizar seu destino final”- Cat 1013. “Por isso é necessário pensar neste mistério tão profundo da vida e da morte, porque a nossa vida aqui na terra é uma só, morreremos uma só vez” (Hb 9,27).
Por ser tão profundo o mistério da vida e da morte, é necessário, também, ser pensado e meditado. Até no Juízo Final.
B) Como fruto do pecado
“A morte natural é o termo da vida terrestre” (cat 1007). O inaceitável é a morte injusta, pelo fruto do pecado, do egoísmo, violência e ódio que atenta contra o dom da vida concedida por Deus. “É a iniqüidade em conseqüência do pecado” (Cat 1008) e da falta de amor a Deus e aos irmãos. É o pecado social que afeta todos nós.
Diante do fato incontestável, a fé nos lembra que, em Jesus Cristo – o novo Adão - que sofreu um final injusto e doloroso, a morte é transformada em vida. “Ele foi perseguido, torturado e morto na cruz por aqueles que não creram nEle e na sua proposta por um Novo Reino e Boa Nova de justiça, amor e paz” (Lc 9,51). Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da morte como prova de que este Deus é o Deus da vida que não aceita a morte injusta. “O Batismo nos faz morrer com Cristo e na sua graça”, (2Tim2,11), “como caminho para uma nova vida, porque Ele nos quer santos no seu ato redentor, embora pecadores” (Cat, 1010).
Por isso nosso compromisso deve primar pela dignidade da vida em qualquer circunstância, porque Deus é o Deus da Vida (por isso, o aborto, em qualquer circunstância, deve ser abominado).
A cultura da morte pela injustiça e degradação da pessoa humana é contrariar os desígnios de Deus, que é a vida e vida em abundância.
c) O que nos Espera: O JUÍZO, Momento da Verdade. “A morte põe termo à vida do homem” (Cat 1021). Depois da morte não há mais nada a fazer, ou seja, diante de Deus, somos aquilo que fomos a nossa existência aqui na terra, sem nada poder acrescentar ou diminuir. A morte nos coloca frente a frente com a Justiça Divina, onde será exposta nossa verdade. É o momento de Deus sobre a vida da pessoa. “É diante de Cristo – que é a verdade – que será definitivamente desvendada a verdade sobre a relação de cada homem com Deus” (Cat 1039).
VIVEREMOS UM DUPLO JUÍZO: o juízo individual (na hora da morte) e o juízo coletivo (juízo final – no fim dos tempos). É que nós, como seres humanos, vivemos duas dimensões: a pessoal e a coletiva. Tudo o que fazemos como pessoa humana repercute na sociedade e o que se decide em termos coletivos, repercute na pessoa individual, desde que a pessoa participe de forma consciente. Tudo isso nos indica que não basta mudar só o coração da pessoa, mas é preciso mudar, também, as estruturas sociais que produzem injustiças e a morte no meio em que vivemos.
JULGAMENTO NO JUÍZO FINAL: O juiz desse julgamento não será um juiz qualquer, e o próprio Cristo – ele é o senhor da vida eterna. Ele é o Redentor do Mundo, portanto, a ele cabe essa prerrogativa: Ele adquiriu este direito na cruz. “O Pai entregou todo o julgamento ao Filho” (Jô. 5,22 e Cat 679)). Seguindo seus ensinamentos, “Cristo não veio para condenar, mas para salvar, até mesmo, aqueles que, aos olhos dos homens, estavam perdidos’ (Jo.3,7; e Lc 19,10)
“Louvado seja, meu Senhor, por nossa irmã, a morte temporal, da qual homem algum pode escapar” - Francisco de Assis.