O CONVITE DE DEUS É PARA TODOS
NÓS À VINHA DO SENHOR.
A liturgia nos apresenta a imagem do banquete como sinal da felicidade, do amor e da alegria que Deus oferece a seus filhos. Isaias lembra que Deus oferecerá, no alto de uma montanha, um banquete a seu povo que, livre, vai responder com confiança e alegria. A mensagem evangélica sugere que é um convite imperdível, além do que o mundo pode nos distrair desse desafio de Deus, então, fugir das armadilhas do mundo, é o caminho para o banquete que leva ao “enlace” da felicidade eterna.
O batismo, caminho aberto, é o compromisso firmado e, fazendo memória da vitória de Jesus sobre a morte, renovamos nosso compromisso a serviço da vida. “Apaixonar-se por Cristo é transbordar por Ele, no testemunho e no anúncio de sua mensagem”. Lembrando a Missão: “Ide e ensinai todas as nações, batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Primeira Leitura: Isaías 25,6- 10a -
O Senhor dará um banquete e enxugará as lágrimas de todas as faces.
No texto, Isaías anuncia o banquete oferecido por Deus, a todos os Povos, em sua própria casa. Acolher e participar dessa festa é aceitar viver em comunhão com Ele, resultando, para o homem, a felicidade total e vida em abundância. O profeta sonha tempo novo de felicidade e de paz para o Povo de Deus, após o exílio. Banquete, no mundo bíblico, tem sentido de partilha, comunhão e de estabelecer laços familiares entre convivas ou ambientes religiosos entre Deus e os fiéis. Daí a catequese sobre a Aliança do Sinai, o compromisso entre Jahwéh e Israel tinha de ser selado com uma refeição entre Deus e os representantes do Povo.
O profeta fala de uma festa oferecida por Deus, visando estabelecer laços de amor com a humanidade toda. O cenário será o monte do Templo, em Jerusalém, a casa de Jahwéh, residência de Deus no meio de seu povo, onde Israel presta culto e celebra sacrifícios de comunhão. Aceitar o convite é participar no culto a Jahwéh, no espaço íntimo e familiar de Deus e sentar-se com Ele à mesa servida com toda pompa e delícias de vinhos finíssimos. Trata-se da abundância de vida que Deus vai cumular os convidados participantes. É o início de paz, de comunhão e felicidade com Deus. O Senhor vai destruir a morte para sempre, enxugar as lágrimas e eliminar a vergonha que pesa sobre o seu Povo.
Com a vinda do Messias, vamos viver e reinado de Deus sobre a terra. Um projeto de Deus para seus filhos, como integrantes de Sua família. Como batizados e participantes do banquete, com todas limitações, somos pessoas que Deus ama, devendo iluminar nossa existência de esperança e confiança. Não basta ao homem aceitar o convite e ter acesso à festa eterna, é necessário renunciar ao egoísmo, orgulho e vaidade. É necessário se conduzir na lógica de Deus, o que implica priorizar o amor, testemunhar os valores do Reino e construir, aqui, uma nova terra de justiça, solidariedade e partilha, como nosso compromisso de Batismo!
Salmo Responsorial: Habitarei para sempre na casa do Senhor.
Segunda Leitura: Filipenses 4,12-14.19-20; “Tudo posso naquele que me dá força”
Paulo nos apresenta o exemplo da comunidade cristã de Filipos que abraçou o convite do Senhor, vivendo na dinâmica do Reino. É uma comunidade simples, mas generosa e solidária com o trabalho missionário, empenhada em viver o amor e testemunhar o Evangelho diante dos homens. O texto mostra que a força do Cristo ressuscitado sustenta Paulo na difícil vida apostólica, quando lhe faltam as condições mínimas de subsistência e em sua ação evangelizadora, ele, confiante, glorifica o Pai provedor, em Cristo, pelas benesses recebidas. Com emoção, agradece a ajuda material e o gesto solidário recebido da comunidade cristã de Felipos. Evidencia, contudo, saber viver na pobreza ou na abundância, com suporte e liberdade interior, porque sabe que todo bem brota do Senhor, o Mestre que lhe cumula de coragens.
O contexto apela ao cristão a ter um coração aberto à partilha e ao dom. Ser cristão implica renunciar a vida de egoísmo e de fechamento em si próprio, abrindo o coração às necessidades do irmão carente e abandonado, com partilha de vida e de bens, a exemplo dos filipenses. De outra parte, Paulo, o apóstolo de Cristo, nos mostra que sabe viver as circunstância que a vida lhe oferece, colocando como prioridade o anuncia da fé, de forma incondicional, como funcionário do Reino.
Essa deve ser a missão de todos nós, batizados e discípulos missionários, colocando a vida, o empenho em anunciar a boa nova do Evangelho. Paulo encerra, lembrando que Deus jamais esquece aquele que se dedica com amor a causa missionária, como protagonista ou na retaguarda.
Evangelho: Mateus 22,1-14
“Convidai para a festa todos os que encontrardes pelo caminho”. Jesus compara o Reino de Deus ao banquete oferecido por um rei, no casamento de seu filho. As bodas, símbolo da chegada do Reino de Deus, trazida pelo Messias, lembra a imagem do matrimônio característico da aliança de Deus com o povo. O banquete nupcial representa a salvação que Deus realiza com a humanidade, na pessoa de Jesus, como resgate da dignidade dos que estão nas encruzilhadas da vida. Todos são convidados e que, os presentes, não esqueçam o “traje de festa”- o Batismo - para não serem confundidos. Os que aceitam seguir com fidelidade o chamado de Deus, realizando a Sua vontade, Deus estará sempre presente com os meios necessários à conversão constante e no seguimento do evangelho, com a alegria e a felicidade do Reino. O traje apropriado significa que a salvação não é uma conquista, mas um trabalho persistente.
A parábola desenha uma cena similar à vida do povo judeu. Um banquete onde os convidados se recusaram a participar com desculpas mesquinhas e até maltratando os mensageiros. O Rei, sentindo a indignidade dos convidados, manda castigá-los severamente, abrindo sua festa a todas as pessoas de boa vontade e dispostas a participar com ele do banquete, prognosticando: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”. Como recusar um convite do rei se a festa acontece com outros convidados? Ela é especial: o casamento do filho. A intenção do texto não é menosprezar as preocupações pessoais dos convidados, mas dar sentido a festa do Reino. Cada um é livre, mas, em aceitando, deve estar em sintonia com o espírito da festa.
A Parábola ilustra a recusa de Israel em aceitar o projeto que Deus oferece aos homens através de seu Filho. Jesus convida seus opositores, líderes religiosos judaicos, a reconhecer que o esquemas de arrogância, orgulho e preconceitos não os deixa abrir o coração e a vida aos dons de Deus. A nós, povo santo e pecador, Ele convida para celebrar o banquete do Reino, sinal de seu amor gratuito e sem medidas. Que possamos como seus filhos, renovados em Cristo pelo Espírito, ser dignos de estar a sua mesa, dando testemunho e exemplo de dedicação e fidelidade constante. Ser discípulo é abrir o coração para que Cristo nos fale e entusiasme para o banquete, preparado pelo Pai na grande núpcia.
A liderança israelita sempre reprovou a conduta de Jesus com os pecadores, os desclassificados… Para eles publicanos, cobradores de impostos e as prostitutas estavam afastados da comunidade da salvação. Sentá-los à mesa do banquete do Reino era algo inaudito e absurdo. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, não existe privilegiado com direito de sentar-se à mesa do Reino e o texto é decisivo na questão do convite: é uma opção livre e pessoal, o que faziam os pecadores e pessoas humildes, com todos seus limites, para surpresa dos líderes judeus. Os que rejeitam estão preocupados com seus afazeres particulares, seus negócios, sua fama, suas riquezas, por isso com o coração fechado para a novidade de Deus.
wlimar@yahoo.com.br