quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


4º Domingo do Tempo Comum-03/02/2013, Ano C
MINHA BOCA ANUNCIARÁ TODOS OS DIAS, VOSSAS GRAÇAS INCONTÁVEIS, Ó SENHOR (Salmo 70,15)
A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre o caminho do profeta, um caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está:  
“Não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.
  A IGREJA PEREGRINA: Cristo se torna presente e atuante na história humana, através da Igreja que, pela inculturação, exprime o espírito cristão na sociedade. Igreja peregrina é uma igreja servidora à procura da perfeição na Fé, Esperança e Caridade.
Ela deseja entender a verdade, é Sal da terra e Luz do mundo que vive a alegria da Esperança e no
aprendizado do amor e do perdão em convício com os pecadores, os pobres e oprimidos.
Jesus provou a experiência do desprezo, da rejeição e expulsão de sua cidade, por causa de sua missão profética. Fomos enviados a dar sequência a essa missão do Senhor.
Os textos nos apresentam dois exemplos de fidelidade à missão: JEREMIAS E JESUS.
Primeira Leitura: Jeremias 1,4-5.17-19. Eu te consagrei e te fiz profeta das nações.
Jeremias (constituído profeta por Jahwéh) confia no Senhor porque Ele o conhece antes mesmo de ter nascido e, desde então, foi consagrado como profeta a serviço dos povos. Essa certeza fortalece o profeta diante dos reis, dos sacerdotes e do povo, porque Deus está com ele. Igualmente, Jesus se apresenta como o profeta que cumpre sua missão por vontade do Pai. Assim a Igreja, corpo de Cristo, é uma comunidade de profetas.
A missão profética de Jeremias começa em época muito conturbada na área política e religiosa, quando reis infiéis multiplicaram altares aos deuses estrangeiros, levando o Povo a se afastar de Jahwéh. O rei de Judá, Josias, procura concentrar a vida litúrgica no Templo de Jerusalém, encontrando dificuldades em corrigir o coração do Povo e seus hábitos.
Jeremias, como bom vocacionado, ouve a voz de Deus: “Palavra do Senhor foi-me dirigida”, tornando-se para ele a única coisa decisiva. Deus, ao lhe confiou uma missão como profeta, estabeleceu com ele uma relação estreita e íntima que, ao viver da inspiração de Deus, aprende a discernir Seus planos para os homens e para o mundo. “Os inimigos farão guerra contra ti, mas Eu estou contigo para te defender”, diz o Senhor.
O profeta é uma realidade que Deus continua a contar para intervir no mundo e para recriar a história: No batismo fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo.
Salmo Responsorial: O salmista confia no Senhor, abrigo seguro e refúgio dos justos e fiéis. Minha boca anunciará todos os dias, vossas graças incontáveis, o Senhor.
Segunda Leitura: 1CorÍntios 13,4-13 (12,31-13,13)
Permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior delas é a caridade.
O texto se reporta ao amor que é o dom por excelência, derramado pelo Espírito em nossos corações. É o Cântico dos Cânticos da nova aliança ou o Hino ao amor. O amor é  gratuito, sendo  a essência da vida cristã. Um profeta deve se deixar guiar pelo amor, longe dos próprios interesses,  para que sua missão tenha sentido e atinja seus objetivos. Paulo quer aqui dizer, de forma resumida e “ao pé da letra”, que só há um carisma absoluto: o amor, ágape, sem egoísmo, mas gratuito e fraterno. Ele é taxativo: sem amor,  as melhores coisas (fé, ciência, profecias) são vazias e sem sentido. Só o amor dá sentido a toda a vida e toda vivência cristã,incluindo os santos.
 Os dons estabelecem uma comparação entre o amor e o resto dos carismas. Ele é a única coisa perfeita, por isso permanece eterno. Três coisas são importantes na vida cristã: fé, esperança e caridade, mas a maior delas é a Caridade (o amor).  O amor procura o bem do outro: quando faço algo partilho, presto serviço ou, na linguagem de Paulo: o amor é a essência da experiência cristã.
 
Do amor partilhado nasce a comunidade de irmãos que chamamos Igreja.
Evangelho: Lucas 4,21-30 Jesus, assim como Elias e Eliseu,não é enviado só aos judeus.
O texto é sequência do último domingo: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. As pessoas se emocionam com as palavras de Jesus, cheias de sabedoria, mas ainda não compreendem sua missão. É difícil reconhecer no filho do Carpinteiro o Messias. Diante da reação do povo, Jesus se apresenta como profeta, consciente de seu destino: nenhum profeta é bem recebido em sua terra. Repete-se com Ele o que sucedeu com Elias e Eliseu que, não conseguindo cumprir a missão com o povo de Deus, foram pregar a estranhos.  A rejeição ao filho de José era a expectativa de um Messias como o “salvador da Pátria”, um milagreiro. Jesus os contesta pela falta de fé no amor que Deus lhes oferece. Ofendidos, tentam linchá-LO, expulsando-O da cidade. O Mestre não se deixa intimidar e passando pelo meio deles, continua Sua missão.
Jesus, rejeitado e ameaçado, segue com plena liberdade o seu ministério. A rejeição ao projeto de Deus não pode impedir que a missão a nós confiada seja frustrada. Jesus não veio para resolver problemas pessoais nem mostrar o seu poder e sim salvar o mundo mediante o anúncio da Boa Notícia de libertação aos pobres, marginalizados e oprimidos, por isso foi rejeitado. A catequese anunciada por Lucas é o caminho da Igreja: a comunidade cristã toma consciência da missão de seguir os passos de Jesus
Os habitantes de Nazaré sabem identificar a família de Jesus e seus amigos, mas não percebem a importância de seu ministério, por isso a dificuldade em aderir a sua proposta. É a atitude de quem procura Jesus para ver curas e espetáculos ou para resolver os seus problemas pessoais, como se Deus fosse um  comerciante, de quem se aproxima para fazer negócio ou troca. O Deus que queremos é o Pai misericordioso e exigente ou um deus que satisfaz nossos interesses? O caminho que Deus nos propõe é o caminho da fidelidade a sua Palavra, onde se lida com a incompreensão, com a solidão, com as críticas que magoam, com a solidão e o abandono que alguma vez nos impedem de cumprir a missão que Deus nos confiou.
Discípulo é aquele que escuta a voz de Jesus, acolhe Sua proposta e O segue no caminho do amor e do dom da vida. O batizado é chamado a ser discípulo de Cristo, converter-se e acreditar no Evangelho.

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