“O VERDADEIRO DISCÍPULO DE CRISTO É AQUELE QUE TOMA
SUA CRUZ E O SEGUE”.
A mensagem evangélica encerra o discurso missionário de Jesus, indicando os continuadores de Sua Missão. Somos chamados, por isso, a refletir e a celebrar nossa missão de anunciadores. A evangelização depende de nossa intimidade com a missão e com o que iremos anunciar. Respeitando o que é próprio de cada um, a graça nos transforma até adquirir o jeito de ser de Cristo em relação aos homens e aos acontecimentos. Vamos imitando Suas atitudes até surgir em nós o jeito simples de pensar e de agir do Mestre, no cumprimento à vontade do Pai, que é a expressão clara do amor.
Os textos litúrgicos nos apresentam vários temas, definindo: a) O caminho do discípulo e sua opção de seguir o Mestre; b) A missão da comunidade de ser testemunha; e c) O seguimento da missão e a promessa de recompensa eterna. Deus nos convida e nos desafia ao despojamento, inclusive da própria vida para, com liberdade, viver o dom do acolhimento generoso, recebendo o irmão como a um profeta que abre o coração para acolher a Boa Nova da salvação. Quem vive para anunciar a boa notícia do Reino recebe o sinal de Deus e o caminho de Cristo, mestre e Senhor, herdando a recompensa de profetas e de justos. Deixemo-nos evangelizar para sermos evangelizadores, entoando: Ó senhor, eu cantarei, eternamente, o vosso amor!
Primeira Leitura: 2Reis 4,8-11.14- 16
Este home que passa em nossa casa é um Santo de Deus,
Na mensagem, a mulher sunamita vê em Eliseu um profeta e promete prover suas necessidades, com generosa hospitalidade, recebendo, como recompensa, a promessa do nascimento de um filho, apesar da idade. Assim, o profeta se revela plenamente como homem de Deus e como mensageiro da boa notícia. Deus, generoso e compassivo, manifesta-se como a fonte da vida a quem procura seguir seu caminho. Numa uma época de sincretismo e confusão religiosa e de cultos diversos, além da pobreza, Eliseu, o Homem de Deus, sob a inspiração e ação de Divina, procura reconduzir os israelitas a fidelidade à aliança. 
A mulher, aderindo a Jahwéh, manifesta a sua disponibilidade de colaborar com Deus no projeto de salvação que Ele tem para o mundo e para os homens. A história ensina que colaborar com Deus na realização de seu plano de salvação para os homens, é fonte de vida e de bênçãos. Deus não deixa de recompensar aquele que com ele colabora. Assim é nossa história: uns estão na “linha de frente”, desenvolvendo ações, cabendo a outros, na retaguarda, colaborar com Deus na sua concretização. O episódio nos convida a refletir sobre o sentido da hospitalidade e do acolhimento, sem ser interesseira.Salmo Responsorial: Salmo 88 - O salmista canta eternamente a bondade e a fidelidade do Senhor, reveladas na criação e na história do povo.
Segunda Leitura: Romanos 6,3-4.8-11 - “Acolher o irmão é acolher a graça de Deus”
O texto salienta que, pela fé, o batismo nos liberta da escravidão do pecado para uma vida nova segundo o Espírito e, identificando-nos com Cristo, renunciamos o pecado, seguindo o caminho do amor e do dom da vida. Paulo insiste que o fundamento da salvação é sempre um dom de Deus e não uma conquista humana. Apesar do pecado, a salvação é oferecida aos homens, através de Cristo que, ao contrário de Adão, o homem orgulhoso, escolheu viver a obediência aos planos do Pai. 
Batismo é sinal de renúncia ao egoísmo, ao pecado, incoerentes na vida do batizado. Assim, o cristão, enxertado em Cristo, faz dEle sua referência, seu exemplo de viver, na partilha, no dom total de si a Deus e aos homens, eliminando o pecado. A ressurreição, pelo batismo, mostra essa vida nova que brota de um decidido “não” ao egoísmo e ao pecado para fazer parte do Corpo de Cristo e receber do Mestre a vida plena de amor, de entrega ao serviço do irmão. Renunciar o pecado é escolher o amor, sem egoísmo, e o dom da vida partilhada, ou seja, morrer para o pecado e viver para Deus.Evangelho: Mateus 10,37-42
“Quem não toma a sua cruz não é digno de mim. E quem vos recebe a mim recebe”.
O texto encerra o discurso missionário de Jesus a seus discípulos, antes do envio, quando diz que eles serão seus continuadores, exortando-os a aderir a sua missão e a seu projeto. É compromisso de vida na relação com Deus, no caminho da cruz e da entrega de si mesmo por amor, em perfeita identificação com o Mestre. Ele próprio confirma: “Quem recebe o evangelizador, a mim recebe”, porque a opção pelo Reino impele o amor fecunda, levando o egoísta e o "sem rumo" a tomar uma decisão: assumir ou não a sua fé. 
O discurso histórico de Jesus é uma catequese apresentada por Mateus referente ao envio dos doze. Ele escreve nos anos 80 para comunidades hostilizadas pelos perseguidores do cristianismo, tornando-as frágeis e confusas. Trata-se de um manual missionário, destinado aos seguidores de Jesus em sua missão, estabelecendo valores e atitudes que deve orientar a ação missionária. O texto apresenta exigências pesadas para seguir o Mestre, em contrapartida, anuncia recompensas aos mensageiros da Boa Nova. O autor sabe que seguir Jesus não é tarefa fácil e que obriga rupturas e opções radicais e não admite meio termo para essa empreitada. Não se trata de cortar laços, mas estabelecer regras que ajudem na missão, fazendo da vida um dom total a Deus, sem empecilhos. Escolher Jesus e segui-LO não é caminho de fracasso ou morte, mas caminho de vida.
O homem quando está preocupado em proteger seus esquemas, seus interesses, fechando-se no seu egoísmo, acaba perdendo a vida verdadeira, mas ao aceitar viver o amor e abraçar o convite Divino, fazendo de sua vida um dom aos irmãos, encontrará a vida definitiva. Não podemos esquecer que a missão de evangelizar pertence a todos os membros da comunidade cristã. “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho” – Paulo (1Cor 9,16).
E Jesus não é um demagogo de promessas mirabolantes para atrair adepto e multidões a qualquer preço. Sua proposta é clara: salvação e vida plena que implica em adesão livre e incondicional, onde sua lógica não é para todos, mas para amigos prediletos que, por um sim amoroso e sincero, aderem a Seu plano de amor.
“Quem não toma a sua cruz e não me Segue, não é digno de mim. Quem procura conservar
a sua vida,vai perdê-la.
E quem perde a sua
vida por causa de mim,
vai encontrá-la”.
wlimar@yahoo.com.br
