BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!
O Domingo de Ramos ou da Paixão, o pórtico da semana santa, é uma festa cristã comemorativa à entrada de Jesus em Jerusalém para consumar seu mistério pascal. É o gesto profético do Cristo que, recusando a violência, entra pacificamente na cidade com o seu projeto de vida, levando a luz do Evangelho. Ele é o bendito, o abençoado de Deus que conquista a multidão, levando paz. Em resposta o povo não ergue espadas, mas ramos, em vez de gritos de guerra, ouvem-se entoações de louvores e aclamações de Hosana ao Filho de Davi!
Jesus quis chegar ao triunfo, passando pela Paixão e Morte. É o Domingo da demonstração viva de cantos para dizer que não nos conformamos com nenhum tipo de agressividade que tira a paz, que destrói pessoas e devasta o meio ambiente. Este deve ser o modo de ser do cristão e enfrentar conflitos sem apelar à violência que gera violência, mas a paz que gera paz. O caminho do fiel discípulo é a fidelidade à Palavra de Deus e seus ensinamentos.
A liturgia deste domingo nos convida a contemplar esse Deus amoroso que veio ao nosso encontro e, assumiundo nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, sacrificando-Se pela vitória sobre o egoísmo e o pecado. A cruz, colocada no horizonte próximo de Jesus, pela liturgia, é a lição suprema, o último passo do caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe por amor. A morte é um momento inevitável da vida, não é escolha. Hoje iniciamos, com Jesus, esse caminho de libertação, porque a morte não terá mais domínio sobre nós, amigos de Cristo.
Primeira Leitura: Isaías 50,4-7
O texto nos apresenta uma figura enigmática de um Servo de Jahwéh que recebeu de Deus a missão de testemunhar às nações sua promessa de salvação e, ouvindo as instruções do Senhor, permanece fiel em sua missão profética. Apesar do sofrimento e da perseguição, o Servo confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, o projeto de Deus. A certeza de ter Deus como aliado o fortaleceu em meio às privações e angústia. Deus aprovou e recompensou o sacrifício do Servo, fazendo-o superar seus adversários. E a palavra de Deus se fez carne pela salvação dos homens. Os primeiros cristãos viram neste servo a figura de Jesus. Jesus é o servo sofredor que, por amor, veio animar o pobre, o oprimido e lhe trazer o conforto da vida nova.
Salmo Responsorial: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?
Segunda Leitura: Filipenses 2,6-11
Paulo apresenta Jesus Cristo obediente ao Pai e ao serviço dos homens, até a morte. Ele, o princípio, o meio e o fim, é o caminho de vida que Deus nos propõe. Trata-se de um hino litúrgico, sendo Cristo o modelo de vida por Sua atitude despojada por nós e para Sua exaltação. De forma sutil, o texto relaciona o homem Adão que, por desobediência, traz o fracasso, e Cristo, o Novo-Adão, na condição humana, humilde e obediente, traz vida plena e nos revela o ser e o amor ao Pai, permanecendo Deus. Essa entrega total fez dEle o Senhor, o “Kyrios”, nome antes impronunciável.
A cidade de Felipos era próspera e rica. A comunidade cristã, fundada por Paulo, era generosa, comprometida e atenta às necessidades de apóstolo e da Igreja, em especial a de Jerusalém, por quem ele nutria especial afeto. É nesse contexto que Paulo apresenta os valores que marcam a trajetória de Jesus, expondo aos filipenses o exemplo do Senhor que reina e preside a história. Em sua exaltação, exorta-os que o cristão deve ter como guia esse Cristo, servo e humilde sofredor, que fez de sua vida um dom para a glória de Deus e da humanidade. Paulo, convicto de que Cristo deve ser exemplo ao cristão, como caminho de vida plena, sabe que a pedida é difícil, mas necessária à salvação. Quanto a nós, nestes dias que antecedem a Páscoa, cabe dar um passo a mais na humildade e no serviço do amor, dando exemplo da lógica do amor de Deus.
Evangelho: Mateus 21,1- 11 (bênção de ramos) e Mateus 27, 11-54
No Domingo de Ramos toda a igreja se volta para a realização de Jesus, o Filho de Deus, o servo obediente e Mestre da Justiça, que entra por sua própria vontade na cidade de Jerusalém, cidade de Davi, seu pai, montado num jumento, mesmo sabendo de Seu destino e que de lá O levarão até o Monte Calvário. É recebido, não como um brilhante militar,esperado pelo povo, um valente, poderoso conquistador, mas um humilde, o prometido Messias, pobre e despojada. Mesmo assim Ele é aclamado Rei, não pela violência, mas pela humildade. “Bendito o que vem em nome do Senhor!”, aclama o povo, expressando sua esperança de salvação.
No final da Quaresma Jesus chega ao ápice de sua caminhada neste mundo. A liturgia apresenta a todo batizado, como reflexão e compromisso, que assuma, em sua vida cristã, com responsabilidade, e que renove sua fé em Jesus que é a Luz do mundo. Jesus escolhe Jerusalém que o recebe como rei apesar de sua montaria. Ele, o Rei dos Reis, fez isso para nos ensinar que devemos ser humildes, pacíficos e simples. Ele foi tentado a seguir caminho diverso: manteve-se fiel ao projeto do Pai. Como discípulos, somos convidados a seguir os passos de Jesus e, com Ele que reza ao Pai, dediquemos nossa vida aos que sofrem por causa do Reino. É assim que Ele deseja entrar no coração dos homens e mulheres, bastando acreditar que ele é o Filho de Deus.
RELATO DA PAIXÃO: O Evangelho nos convida a contemplar a paixão e morte de Jesus. É o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar a humanidade de tudo o que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus. Jesus põe-se à mesa para cear com seus discípulos, representando o dom de sua vida, que sela a nova aliança. Após a ceia, ele vai ao Monte das Oliveiras e entrega-se confiante nas mãos do Pai. Na morte de Jesus, a cortina que separava o Santo do Santíssimo, aberta somente no dia do Grande Perdão, rasga-se completamente. A abertura simboliza a aliança de amor e perdão que Deus estabelece com todos os povos. O centurião representa os que acolhem o dom da salvação e professam a fé em Jesus. As mulheres discípulas, que haviam seguido Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços e acompanham o Mestre até a cruz, representam o povo sofredor, fiel e atento ao convite ao discipulado fiel.
Que as palmas que carregamos nos ajudem a lembrar Jesus em sua vitória sobre a morte. Elas significam que estamos prontos a fazer o mesmo caminho de Jesus. Que este mistério se realize em nossa vida e nossa história.