3º Domingo da Quaresma - 03/03/2013
DEIXAI-VOS RECONCILIAR COM DEUS, POIS ETERNA
É A SUA MISERICÓRDIA.
Se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo (Lucas 13, 1-9).
Vi o sofrimento do meu povo no Egito... Levei-o
para uma terra boa onde correm leite e mel. Jesus é o bom Samaritano que tem atitude de Deus: Encontrou o homem ferido, sentiu compaixão e
tratou dele numa hospedaria. Aprender com Deus é ter
atitude de caridade e não de mera esmola. O pedido de Paulo é não repetir os erros do
passado quando o povo, no deserto, murmurou contra Deus que o salvou e o
sustentou. Nem por isso Deus o abandonou.
Em
preparação à ressurreição, lembramos a história da salvação para perceber que a
Páscoa de Cristo é o caminho que nos transforma sem o fermento do egoísmo. O jejum, a oração e a
caridade fraterna são os meios para essa conversão. A quaresma nos ensina a
viver com entusiasmo os ensinamentos que Jesus nos deu com Suas Palavras e Sua Vida: Conversão é o caminho para a Páscoa. Na
doação acontece a libertação. Converter-se é conhecer o caminho de Deus,
através de Jesus. Deus quer ver frutos. A solução é
única: Se não der fruto deve desocupar o lugar. Felizmente
o agricultor, Cristo, é paciente e dá o adubo
de Sua graça.
Na liturgia, a Igreja nos reúne e nos mostra que e
o sentido da vida consiste em viver na proteção divina. A analogia dos
sinais de trânsito que indicam e orientam caminhos, favorece a compreensão da
celebração proposta: assim como os sinais nos indicam o caminho certo,
Deus fala através dos sinais e acontecimentos da vida, indicando qual caminho
seguir. A conversão, portanto, é um gesto de sensatez. Humildes e
agradecidos reconheçamos os inúmeros benefícios que o amor paciente de Deus nos
dá a cada dia.
Primeira Leitura: Êxodo 3,1-8a.13-15 O 'Eu sou' enviou-me a vós.
O texto apresenta a vocação de Moisés,
convidado a ser o rosto visível da libertação do povo hebreu por Jahwéh. O fato
fundamental da fé israelita é a libertação do Egito. A manifestação de Deus no
fogo, como santidade e respeito, impõe o sentimento de temor que Moisés sente
diante do Divino. Deus deseja
comprometê-lo, enviando como instrumento de libertação para seu povo. Assim Deus age na historio através da
generosidade de homens que aceitam Seus desafios. A
injustiça desagrada a Deus que preza a liberdade.
A humanidade luta pela liberdade política,
cultural e econômica. O povo deseja justiça: os pobres e marginalizados sair da
miséria, da doença, das estruturas injustas e os operários pelos seus direitos
e igualdade no trabalho.
Como discípulos, somos
chamados a viver em contínua conversão, produzindo frutos de paz, justiça e
solidariedade. Como a Moisés, o Senhor nos convida como
instrumentos de libertação a serviço do Reino. Celebrar
o mistério da fé é acolher a palavra do Senhor que se revela como Deus paciente
e amoroso. Ele nos
abriga e nos alimenta com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, dando-nos a
graça de
manifestar em nossa vida o que o sacramento
realiza em nós.
Salmo Responsorial: O Senhor é
bondoso, compassivo e carinhoso.
Segunda Leitura: 1Coíntios 10,1-6.10.12
A vida do povo com Moisés no deserto foi escrita
para ser exemplo para nós.
O texto lembra fatos importantes da
história de nossos antepassados na fé. Resume as lições da história do povo de
Israel, principalmente do êxodo: a passagem pelo mar Vermelho, o maná, a
água do rochedo que, para Paulo, simboliza Cristo. São exemplos para que não
repitamos as mesmas falhas e erros. Não nos julguemos, porém, melhores que nossos
antepassados, "pois quem julga estar de pé,
tome cuidado para não cair". No contexto, Paulo se
reporta ao consumo, pelo povo, de carnes imoladas no templo com o intuito de
evitar idolatria e vícios remanescentes, lembrando que o importante é aderir a
Deus, aceitar Sua proposta de salvação e viver com Ele em comunhão, refletida
na comunhão com os irmãos, fugindo de ritos externos e vazios. Agradar a Deus é ser coerente no amor e da partilha: ser, não apenas parecer.
Os sacramentos, como dom gratuito, são
sinais da manifestação do amor de Deus que nos transformam e nos tornam Seus
filhos.
Evangelho: Lucas
13,1-9 Se vós não vos converterdes, ireis morrer
todos do mesmo modo.
No tempo de Jesus as tragédias eram
vistas como castigo por algum pecado. Jesus responde: “Gente a questão não é esta. O problema é
o que vocês estão fazendo”. Pois eu lhes digo: “Mudem esta mentalidade, convertam-se, porque
a morte é certa”! A história da figueira é elucidativa. O texto nos ensina que as tragédias
que acontecem não são castigos, mas lembretes para nos educar. Pertencer ao
grupo de eleitos, como os judeus no deserto, os fariseus do tempo de Jesus ou
os “bons cristãos” de hoje, não vai privilegiar ninguém. Ser Doutor ou pessoa
de prestígio não dá o direito de ser melhor que o outro. O caminho é a conversão: Deus só nos salva com o nosso “sim”.
A parábola da figueira
ilustra as oportunidades que Deus concede para a conversão. Ele é paciente e tem
limites, mas Jesus, com sua proposta de conversão, exigindo mudança radical,
confia em Sua missão. O caminho a percorrer
nos faz renascer com Jesus para o Homem Novo. A quaresma é o tempo oportuno, lembrando que inexiste ligação entre pecado e castigo, entre privilégio
e prática do bem.
Deus não é negociante ou chantagista: por isso se o bem
nos acontece não se trata de recompensa, como é falso pensar em castigo de Deus
pelos erros e pecados que cometemos. Não tem nada a ver com o nosso Deus que
é justo e generoso.
A Igreja é a Casa de Deus onde uma
pessoa, independente de sua condição social, encontra essa proposta de salvação
que Deus oferece a todos para sua conversão.