terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal do Senhor - 24/12/2011, Ano B

HOJE NASCEU PARA NÓS O SALVADOR,
QUE É CRISTO, O SENHOR!
“És o meu Filho, hoje te gerei”. O sonho do Pai é vida nova a humanidade em seu Filho, o primeiro dentre nós, o primogênito da grande família de Deus. O que surpreende é o local de seu nascimento: um abrigo de animais. É que vivemos o mundo de Deus e o dos homens. O desafio é conciliá-los num mundo de igualdade fraterna e entender a mensagem divina que é a vida. Um passo difícil para nós... Por isso, o caminho é unirmos vitalmente a este Jesus da manjedoura, tornando-nos filhos do mesmo Pai no amor aos irmãos. Com razão a Conferência de Aparecida nos lembra que “o rosto humano de Deus, tornou Divino o rosto humano”. Tudo nos remete à luz da fé.
No Natal do Senhor, somos chamados a contemplar o mistério da encarnação do Filho de Deus em nossa vida. Natal é Deus que vem a nosso encontro e desperta em nós uma grande alegria. Jesus não é tradição anual, não é um mito nem fábula. Ele é parte de nossa história humana. É a Palavra de Deus que se fez carne e veio morar entre nós. Fazendo memória de seu nascimento, celebramos a maior notícia de toda a história: nosso Salvador é Deus encarnado. O mistério e a graça da encarnação transformam e dignificam a nossa vida e nos oferece a plenitude de vida e paz, impelindo-nos a reconhecer seus sinais libertadores.
A liturgia da noite de Natal fala de um Deus que nos ama e nos acolhe com sua mão amiga nos caminhos do sofrimento e de morte, enviando-nos “um menino” com uma proposta de vida nova e libertadora. Ele será a luz que nos leva ao Pai.  
A liturgia do dia do Natal convida a contemplar o amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus. Ele é a “Palavra” que se fez pessoa humana e veio habitar entre nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de filhos de Deus. Ele é o Rei que traz a paz.
Primeira Leitura: Isaias 9,1-6 - Foi-nos dado um Filho
Esse cântico dos anjos é a aclamação messiânica de Jesus como Príncipe da paz. O povo de Israel se encontra na escuridão da morte por causa da opressão e violência de seus inimigos. A esperança chega com o nascimento de um menino com a missão de estabelecer a paz, o direito e a justiça e transformar guerra, ódio e sofrimento em alegria e felicidade. Ele é da casa de Davi e será mais sábio que Salomão e mais forte que o rei Davi. A desilusão com a política do governo levou o profeta a sonhar com tempos novos de paz e temor a Deus. Este menino, que traz a marca da realeza, é o Emanuel de descendência davídica e esperança do Povo de Deus que vê uma luz resplandecer.
Para descrever o desespero e desconfiança do povo, o profeta se refere a um “povo que andava nas trevas” e habitava “nas sombras da morte” e sem alternativa pela inoperância dos reis de Judá, incapazes de conduzir o Povo à felicidade. De repente uma luz acende a esperança que traz alegria, lembrando o final de uma abundante colheita e frutuosa caçada, cantado no salmo. A maior alegria, no entanto, vem com a quebra do jugo da opressão e consequente destruição dos símbolos da guerra.
O sonho se realiza na pessoa de um frágil menino, como dom de Deus a seu povo, com qualidades divinas de Deus forte, conselheiro maravilhoso, príncipe da paz e Pai eterno, oferecendo-lhe justiça, direito e a paz sem fim. Esse menino “é o Jesus de Belém” que veio dar sentido pleno a esta profecia messiânica de Isaías. Acolher Jesus é celebrar seu nascimento, aceitar seu projeto e viver sua mensagem de Amor.
Salmo Responsorial: Cantemos ao Senhor um canto novo porque hoje nasceu para nós o Salvador para governar o mundo com justiça.
Segunda Leitura: Tito 2,11-14 Manifestou-se a bondade de Deus ao mundo.
A luz brilhou de modo especial pela vinda de Cristo que revelou a salvação de Deus a todos os homens. O texto lembra os motivos que nos levam viver uma vida cristã autêntica e comprometida: (1) Deus nos ama intensamente; (2) que este mundo é uma passagem efêmera com valores passageiros; e (3) porque, comprometidos e identificados com Cristo, devemos realizar sua obras por Ele.
Tito, destinatária da carta, convertido por Paulo, o acompanhou em missões, sendo seu mediador em conflitos com a comunidade de Corintos, justificando sua admoestação aos cristãos que viviam desiludidos, sem o entusiasmo do tempo de Jesus. Era preciso, portanto, novo ânimo com conselhos necessários à prática da vida cristã que o tornassem sinal e semente ao mundo.
Paulo deixa os fundamentos que nos leva a viver cristamente, lembrando o amor de Deus aos homens, o que nos induz à renúncia dos valores do mundo e seus desejos. Que a esperança no Cristo glorioso nos leve a perceber que a terra não é nossa pátria definitiva e, por isso, desejar os bens essenciais sem apego aos materiais. E, finalmente, que Cristo entregou-se a morte de Cruz para nos salvar dos males e vícios desse mundo e fazer de nós homens novos pelo batismo, tornando-nos um com Ele para receber vida d’Ele. Se estamos ligados a Cristo, recebendo vida d’Ele, essa vida deve se manifestar na nossa existência diária, comprometida com o Evangelho.
Evangelho:  Lucas 2,1-14 Um menino nasceu para vós, o Salvador.
O texto da história da salvação, no contexto da história humana, narra o nascimento de Jesus em Belém, na Judéia, no tempo do imperador de Roma, César Augusto que decretou um recenseamento. José, descendente de Davi, vai com sua esposa, Maria, grávida cumprir a ordem. As hospedarias lotadas, sem lugar para o Filho de Deus, Jesus nasce na extrema pobreza de uma estrebaria. Aos pastores, nômades, pobres e discriminados, o anjo do Senhor anuncia a grande alegria: “Hoje, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor”. O sinal é um menino recém-nascido, envolto em panos, deitado numa manjedoura. A multidão de anjos canta os louvores salvífico do nascimento do Messias Salvador: Glória de Deus nas alturas e paz na terra aos homens”. É a consumação da promessa profética: o menino de Belém é o Deus que vem ao encontro dos homens.
Lucas se preocupa com as referências históricas, situando os acontecimentos, não como lendas, mas colocando como algo integrado na vida e na história dos homens. Ele deseja fazer teologia, apresentando uma catequese sobre Jesus, o Filho de Deus que veio resgatar os homens com uma proposta de salvação. Inicia com referência a Belém, indicando que o Messias é da descendência de David, natural de Belém, conforme os profetas, cujo acontecimento era esperado pelo Povo de Deus. Ele apresenta a simplicidade e a pobreza que rodeiam o local e a circunstância do nascimento: manjedoura de animais, panos improvisados para o bebê, visita dos pastores... É na fragilidade que Deus se manifesta aos homens como salvador, quebrando todos os paradigmas de um salvador. A lógica de Deus não podia ser diferente.
Com referência aos pastores que invadiam propriedades alheias com seus animais, utilizando o produto do rebanho para uso próprio, eram taxados de rudes e violentos. Comparados aos publicanos e cobradores de impostos eram considerados, pela rígida moral dos fariseus, pecadores públicos, incapazes de reparar o mal cometido contra as pessoas.
É precisamente essas pessoas que Lucas coloca como as testemunhas que acolhem Jesus, sugerindo que é para estes pecadores e marginalizados que Jesus abre seus braços. A chegada do tal “salvador” é A NOTÍCIA, por que, a partir de agora, os pobres, os marginalizados, os pecadores, são convidados a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus e a integrar a comunidade da nova aliança, a comunidade do “Reino”.
Finalmente, Luca sintetiza o anúncio do anjo: Ele é “o salvador, Cristo Senhor”. O título “salvador” era usado para designar o imperador ou deuses pagãos. Lucas, sabiamente, apresenta Jesus desta forma como alternativa possível a todos os absolutos que o homem cria. O título “Cristo” equivale a Messias: um rei descendente de David viria restaurar o reino ideal de justiça e de paz da época davídica, sugerindo que o “menino de Belém” é esse rei esperado. O título “Senhor” expressa o caráter transcendente da pessoa de Jesus e o seu domínio sobre a humanidade. Com os três títulos, Luca completa sua catequese de apresentação de Jesus, definindo seu papel e missão. Ao apresentar a Trindade Santa, nesse menino de Belém, Deus grita sua radicalidade de amor por nós.

Com Maria e os pastores, adoremos o Senhor
que se dá a nós nos sinais da PALAVRA,
do PÃO e do VINHO consagrados!

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