25º Domingo do Tempo Comum-18/09/2011

SEJAMOS GENEROSOS COMO O PAI DO CÉU

Lembrando o mês da Bíblia, a liturgia nos convida a descobrir que os pensamentos de Deus estão acima dos pensamentos dos homens e sugere a renúncia dos esquemas do mundo para uma conversão aos caminhos de Deus. Na parábola, Deus nos surpreende e ultrapassa todas as limitações de nosso jeito de entender a vida. Isaías nos revela que o Senhor nos convoca a abandonar nossas intrigas e assumir a generosidade Divina. Conclui com a afirmação de Paulo, “que uma só coisa importa para seguir Jesus Cristo que é viver o Evangelho com luta e entrega”. Em síntese, nosso Deus nos convida a viver de maneira profundo sua aliança conosco que é o dom gratuito de seu amor, selado em Cristo, na sua morte e ressurreição.

Deus, em sua infinita misericórdia e bondade, chama à salvação a humanidade toda, independente da fé, dos créditos, das qualidades, do modo de vida e seus vícios. O critério para Deus é a maneira de acolher Seu convite e mudar de mentalidade, sem interesses escusos, mas por amor e gratuidade. Somos chamados como filhos, pelo batismo, a viver uma relação filial com nosso Pai. Nesse contexto, trabalhando em sua vinha, alicerçada na doação gratuita, nos disponibilizamos ao serviço das pessoas excluídas e sofridas e, assim, lembrando Paulo, possamos viver em comunhão com Cristo, a serviço da evangelização.
Primeira Leitura: Isaias 55,6-9 - Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos.

A perspectiva de retorno do exílio, sem a devida conversão, dificulta a aproximação de Deus, por isso Isaias pede a transformação das pessoas de tal sorte que seu modo de vida transpire a lógica e os valores Divinos, voltando-se para o verdadeiro Deus. O povo está amargurado e a missão do profeta é manter a esperança da promessa de Deus. O tempo do exílio foi um tempo de angústia e de sofrimento, mas também um tempo de amadurecimento e de graças. Israel, convicto de suas falhas e infidelidades, sabe que o viver longe de Javé foi triste, por isso o retorno à Terra Prometida, que é um caminho mais espiritual que geográfico, é a esperança de muitos exilados.

Escravidão por liberdade significa, para Israel, redescobrir Deus, vê-LO de outra forma e ser fiel a seus mandamentos. No apelo do profeta, o israelita é convocado a se voltar para Deus pela conversão radical. Longe de Deus, a vida do homem na lógica do egoísmo, orgulho, violência, exploração, gera sofrimento, infelicidade e morte; para Deus, a lógica é amor, partilha, doação que gera alegria, paz, vida e amor verdadeiro. Deus não pode ser reduzido a esquemas humanos, mas olhar para o alto, fixos em Deus, pedindo fidelidade e confiança de seu amor. Assim o Povo, seguindo a lógica de Deus, será feliz na terra prometida, cumprindo a missão de testemunhar e ser sinal de Jahwéh para os povos. O texto é um apelo à conversão radical, um voltar-se para Deus, colocando-O no centro de sua vida: Ele é o poder, a glória e o amor sem limites. Converter-se é um processo diário de escuta, reflexão e oração.

Salmo Responsorial: O salmo é um convite a estabelecer harmonia na contrariedade.  

Segunda Leitura:– Filipenses 1,20c-24.27ª  Para mim, o viver é Cristo.

O texto nos apresenta o exemplo do verdadeiro discípulo que abraçou o caminho de Deus, renunciando os interesses pessoais de egoísmo, de comodismo, para por  no centro de sua vida os valores e os  projeto  de Jesus. È Paulo na prisão, incentivando e anunciando a boa nova do Mestre que ele perseguia. Felipos, pagã e de costumes romanos, a primeira cidade européia evangelizada por Paulo, era generosa e atenta às necessidades de Paulo e à igreja de Jerusalém, por isso recebia gratidão e afeto especial de seu missionário. Paulo fala de si, de suas preocupações e esperanças. Corre risco de vida, mas tranqüilo e feliz está confiante de sua missão e amor pelo Mestre e Salvador. Para ele, Cristo é a autêntica vida e razão de seu viver.

Para Paulo morrer é comunhão com Cristo, mas o que importa é sua missão: “para mim, viver é Cristo e morrer é lucro”. A centralidade de Paulo é Jesus, pedra angular, vivendo dEle e para Ele, nada mais lhe interessa. Exemplo para toda humanidade. Animado pela fé, impressiona como se refere à morte, algo natural e sublime, pela certeza do encontro com Cristo. Sua atitude é uma lembrança para cada um de nós já que para o cristão a morte é momento de realização plena e de encontro definitivo, sem drama, mas esperança pela profética missão cumprida. Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva ou eu morra, porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. A missão do cristão é ser útil no seu discipulado, procurando viver de maneira digna o evangelho de Cristo.  

Evangelho:  Mateus  20,1-16ª - Estás com inveja porque eu estou sendo bom?
A parábola do proprietário da vinha revela a Galiléia no tempo de Jesus. Pessoas desempregadas, preocupadas com o sustento de sua família, aguardam que alguém as contrate para trabalhar em seus campos. A iniciativa de oferecer trabalho é do dono da vinha que vai a procura de interessados, com um detalhe que foge a nossa realidade: ordena pagamento igual para todos sem qualquer distinção, seja em qualificação ou tempo de jornada. É a boa nova de Jesus em proclamar a salvação, como obra da bondade de Deus, superior ao merecimento humano. Assim será a graça do Pai pelo empenho de quem acolher o dom da salvação É um convite sem exclusão, em especial os esquecidos pela sociedade, mesmo sendo os últimos.  Assim “os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos», sentencia Jesus.

Jesus catequiza seus discípulos para que entendam a realidade do Reino. O quadro da realidade econômica, existente na época, apresentava a forma como o povo vivia pressionado pelos poderosos, nada diferente de nossos tempos. O povo, privado de suas terras, alugava sua força de trabalho aos latifundiários. Como hoje, cada patrão tinha seus clientes de confiança para o trabalho, sendo, por isso, os primeiros contratados e recebiam o salário combinado. A parábola se refere a um vinhateiro que vai a procura de trabalhadores para sua vinha, As contratações ocorrem em diversos horários com salarial prometido. Com surpresa, todos os trabalhadores, desde os últimos aos primeiros, recebem igual recompensa, desgostando os primeiros. O dono, de forma generosa, cumpre o prometido, A inveja, que faz parte do ser humano, é um sentimento negativo de frustração pela alegria do outro e desejo do que não é seu.

Alguns cristãos se julgam superiores por causa de sua dedicação, tempo ou presença na Igreja. Jesus, no entanto, mostra que para Deus não existe privilégio ou tratamento especial. Seu amor se derrama sobre Seus filhos, sem exceção e por igual, inexistindo marginalizados ou classe social e sem essa de antiguidade. O decisivo para Deus é o amor como cada um aceita trabalhar na vinha de Seu Reino. Deus não é um contabilista (negociante) de “débitos e créditos”, mas um pai de bondade que a todos acolhe de braços abertos e a qualquer hora e que vivam felizes. O autêntico membro de uma comunidade faz o bem com amor e como meio de fazer e ser feliz em união fraterna e para a vida eterna. Compor a Igreja de Jesus é fazer a experiência radical de comunhão universal. Todos têm lugar na Igreja e merecem tratamento digno e sem discriminações.

SEM INVEJA, ALEGREMO-NOS COM A ALEGRIA DOS IRMÃO!

É dever do cristão, em suas relações, “ganhar” seu irmão para Deus, seja qual for sua a classe social ou meio de vida.

 É O SINAL DO AMOR DIVINO NA DE SUA IGREJA .

 wlimar@yahoo.com.br