A cada um é dada a a manifestação do espírito
Em vista do bem comum
Celebramos neste domingo o Espírito transformador, o Dom de Deus que renova todo o Batizado, constrói comunidades e faz nascer o Homem Novo. A liturgia vem acentuar a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes e nos carismas da Igreja como sinais da unidade e da paz que o Cristo veio trazer. A pregação dos apóstolos supera divisões de raças e línguas pela diversidade de dons. A Igreja confirma que o Pentecostes é a plenificação do Mistério Pascal, mostrando que a comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito que continua em nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa. O Pentecostes é a solenidade da colheita, porque o verbo encarnado cumpriu todas as etapas do plano salvífico do Pai. Cabe-nos, agora, tomados pelo Paraclito, renovar a face da terra.
As perseguições hostis dos romanos dificultavam o anúncio da mensagem da salvação. O encontro dos discípulos com o Ressuscitado os liberta e suscita profunda alegria. As marcas da paixão revelam os sinais da vitoria sobre a morte. Da chaga do lado flue rios de vida nova, o Espírito. A palavra do Mestre ilumina a missão dos discípulos: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”! É o sopro do Espírito, lembrando Deus ao infundir o dom da vida ao ser humano. O sopro da vida nova da ressurreição do Senhor capacita os discípulos à missão de levar ao mundo a paz libertadora.Primeira Leitura: Atos 2,1-11 - “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar!”
Os Atos são como o Evangelho do Espírito Santo que acompanha a Igreja de Cristo desde o Pentecostes. É pelo Espírito que chamamos Deus de Pai e Jesus de Senhor e quem orienta a vida do batizado, inspirando nossas boas ações. Segundo Lucas, o Espírito é o novo guia que orienta a caminhada do cristão. É Ele que cria e une na comunidade de amor povos de todas as raças e culturas, fazendo com que os homens sejam capazes de ultrapassar suas diferenças e plenifique pessoas de todas as nações. Os atos são como mensagens que orientam os cristãos, desiludidos pelo “Reino” que não chega, para que redescubram seu verdadeiro papel através da diversidade de ministérios. 
Assim devemos entender a manifestação do Espírito: “todos os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus”. A mensagem de amor e partilha deve chegar a todos pelo anúncio do Evangelho, gerando comunidades que falem a mesma língua do amor. O texto define a Igreja, gerida pelo Espírito, como a união de irmãos em Jesus Cristo, como testemunhos de Seu Ministério. A comunidade cristã do Pentecostes iniciou com um grupo tímido, enclausurado e sem ânimo para a missão, para constituir a grande Comunidade Universal de amor e liberdade e vencedora de suas limitações. É necessário que o novo cristão não seja espoliado de sua própria cultura, mas adaptado, formando com ela o novo discípulo.Salmo Responsorial:
O salmista bendiz o Senhor que concede existência às criaturas através de seu sopro vital: “Envias teu espírito e renovas a face da terra”!
Segunda Leitura: 1Coríntios 12,3b-7.12-13
“Todos fomos batizados num só Espírito para formar um só Corpo”.
No texto, Paulo nos lembra que fomos batizados num único Espírito que é a fonte de vida da comunidade cristã, concede os dons que a enriquece e fomenta a unidade de todos seus membros. Nos alerta que esses dons, com sua diversidade de ministérios, não podem ser usados em benefício pessoal, como um privilegiado “escolhido” ou “iluminado” de Deus, mas para o benefício de todos. O verdadeiro carisma nos leva a confessar que Jesus é o Senhor para o bem da comunidade, conscientes de que a diversidade de dons atua em todos em nome do Senhor. Não existe, portanto, cristão de primeiro ou de segunda, porque o Corpo, que dá vida, é um só, Jesus Cristo, no Espírito.
O verdadeiro cristão é consciente de pertença ao único corpo e, se exerce funções, faz com a dignidade de igualdade, ciente do bem comum. Como humanos, é comum encontrar cristão orgulhoso em vista da “qualidade” da função que o evidencia, fazendo-se notado e considerado depositário de dons, por isso prepotente e superior. A igreja não pode ser uma pirâmide cujo topo está uma elite que preside e decide, cabendo ao rebanho dizer “amém”. O que não faz sentido à luz da doutrina de Paulo. Os dons que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas servir o bem comum e reforçar a vivência comunitária pela Espírito que alimenta e dá vida conforme as necessidades. Evamgelho: João 20,19-23
“Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio: Recebei o Espírito Santo”!
O Evangelho apresenta os discípulos, no cenáculo, reunidos à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É pelo Espírito que o discípulo supera o medo, as limitações e testemunha ao mundo esse amor que Jesus viveu até as últimas conseqüências. É essa ação perene do Espírito que manifesta ao mundo o mistério da salvação para redimir a humanidade. Como aos discípulos, o Espírito nos liberta de todas as formas de opressão e nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos anunciadores da Boa Nova de Jesus. O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito que habita em nós e, unindo comunidades, nos torna discípulos que ouve a palavra da salvação. O mesmo Espírito que transforma o pão e o vinho, memorando os mistérios de Cristo, faz de nós, membros, um só corpo.
Pentecostes é a festa da plenitude da Páscoa. A paz (shalom), como mensagem do Senhor, é um dom messiânico de serenidade com o sopro do Espírito, fazendo nascer o Homem Novo. O espírito profético de Jesus é o grande dom da Igreja, tornando-a comunidade da proclamação e do testemunho. É nesse sopro no Espírito que professamos nossa fé, proclamando em alta voz que Cristo é o Senhor e sua obra é maravilhosa. 
Por isso, a comunidade cristã só existe de forma consistente e com identidade, se centrada em Jesus ressuscitado. Com a força do Espírito, os discípulos recebem vida em plenitude e capacitados a formar a comunidade da nova aliança e fazer da vida um dom de amor. Deus, no entanto, respeita a liberdade de cada um em aceitar Sua iniciativa de amor que nos devota. O identificar-se como cristão é dar testemunho dos sinais que definem Jesus Cristo como o Salvador: a vida dada e o amor partilhado.
CELEBRAMOS, HOJE, O DIA DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE
BENDIGAMOS AO PAI QUE NOS ENVIOU O
ESPÍRITO SANTO E NOS REVESTIU DE FORÇA PARA TESTEMUNHAR COM ALEGRIA O CRISTO RESSUSCITADO.
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