O SENHOR ESTÁ CHEGANDO, COMO O NOSSO REDENTOR!
A palavra Advento, origem pagã, significa chegada/vinda, e assume sentido de nascimento, e o Senhor veio, como Redentor, Irmão e nos preparou para a segunda vinda e virá no juízo final, como Juiz Soberano. É um Deus presente que devemos vivê-LO no dia-a-dia e vigiar para que Ele não passe despercebido. ►A liturgia nos convida a preparar o caminho do Senhor e sermos mensageiros dessa esperança: Ele vem à frente do seu povo a fim de reconduzi-lo, livre, à terra prometida; como o Bom Pastor, cuida dos fracos e pequenos; alegra-se em perdoar e renovar todas as coisas. Assim, salvação, esperança, fé e justiça constituem o elenco de bens da aliança e amizade de Deus com seus eleitos.
“A celebração do Ano Litúrgico é uma forma de lembrar, ao longo da caminhada, a presença dinâmica de Deus em meio a seu povo. Celebrando o Advento, Jesus se manifesta e nos faz correr em direção ao Reino. Ao celebrar o Natal, fazemos, hoje, em Jesus, o nosso Natal. O papa Paulo VI complementa: “a celebração do Ano Litúrgico não é só recordação de um fato passado, mas goza de força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã’ (Ione Buyst). ►Nessa intenção, os textos bíblicos do Advento nos convocam a mudança de vida para um reencontro com Deus numa constante conversão.
Primeira Leitura: Isaías 40,1-5.9- 11
Preparai o caminho do Senhor e se manifestará Sua glória.
A voz do que clama no deserto fala ao coração e anuncia a libertação da escravidão (e do pecado). Deus revela seu amor e reconduz o povo, como um novo Êxodo, lembrando o fim do exílio babilônico. No contexto, os exilados estão frustrados e descontentes, sem entender porque Deus permitiu a dor do Exílio. O texto utiliza uma imagem ligada ao castigo que o Povo sofreu, aceita por Deus, como reparação de um sacrifício de expiação. O Israelita faz a experiência do amor de Deus que o perdoa e cuida de cada um. O povo se despe do egoísmo, volta-se a Deus e canta sua glória pelos séculos sem fim. ►A imagem “falar ao coração”, mostra o amor de Deus a seu povo, numa alusão entre o amado e a amada.
O profeta fala de um novo êxodo de triunfo e de liberdade, reeditando o antigo êxodo. Deus vai acompanhar o povo com o alento de seu amor, ajudando a vencer a jornada e redescobrir o caminha da comunhão e da aliança. É preciso, no entanto, que cada um prepare seu espírito para acolher e aceitar os desafios, confiando em Deus. O mensageiro, do alto da montanha, proclama a boa notícia, anuncia o bom Pastor que vem apascentar seu rebanho e cuidar das mais frágeis e desprotegidas para torná-las saudáveis e fecundas. ►Em nossa caminhada, sentimo-nos pequenos e frustrados: (1) porque a violência e o terrorismo marcam a vida com sangue e sofrimento, (2) porque os pobres e os fracos são esquecidos e colocados à margem da história, (3) porque a sociedade global se constrói com egoísmo, indiferença e exclusão. O profeta garante a fidelidade de Deus, mas é preciso correr risco e percorrer com Deus o caminho da vida nova e da liberdade, fugindo das armadilhas do mundo.
Salmo Responsorial: O salmista manifesta a esperança de um mundo novo de justiça, como caminho para o surgimento da paz e da felicidade.
Segunda Leitura: 2Pedro 3,8-14 Esperamos por um novos céu e uma nova terra.
O texto nos aponta para a vinda de Jesus, o amor de Deus que se fez carne para a salvação da humanidade. Ele é paciente conosco e deseja que ninguém se perca, mas que todos se convertam. Convida-nos à vigilância, vivendo de acordo com os ensinamentos do Senhor para a transformação do mundo e construção do Reino. ►Se o verdadeiro cristão pautar sua vida nesta dinâmica de contínua conversão encontrará, no final da sua caminhada terrena, o novo céu e a nova terra onde habita a justiça. Pedro nos apresenta uma “carta testamento”, como se o autor, sentindo sua despedida, transmite a última mensagem. Ele, no entanto, deseja fidelidade.
Na época os cristãos, perseguidos e mal vistos, viviam descontentes e, ao ver o massacre de seus irmãos, esperavam a iminente chegada de Jesus para eliminar o mal e instaura definitivamente Seu Reino. O autor se reporta a esta vinda gloriosa, no final dos tempos, exortando a comunidade cristã a levar uma vida santa, vigilante e persistente. O tempo de Deus é diferente do que vivemos na história e Ele é paciente, além do que a ressurreição nos é assegurada no projeto de salvação e vida plena, por Jesus Cristo. Nossa vida não é um drama, sem sentido, mas uma caminhada confiante em direção ao Homem Novo. A segunda vinda não é questão de data, espreitando o céu, mas de como esperar esse momento, dessa vida efêmera, construindo o Reino.
Evangelho: Marcos 1,1-8 “Eu vos batizo com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo”, por isso “Endireitai os caminhos do Senhor!”
Evangelho: Marcos 1,1-8 “Eu vos batizo com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo”, por isso “Endireitai os caminhos do Senhor!”
Marcos ressalta que Jesus, o Filho de Deus, é a Boa Nova da salvação para a humanidade. João Batista, o arauto que prepara o caminho do Senhor, proclama a alegre notícia, cujo ícone é Jesus, ressoando nas comunidades cristãs como mensagem de libertação para o mundo. A missão do precursor, que propõe o batismo de penitência como sinal de conversão, é anunciar o Messias Salvador na plenitude do Espírito Santo para transformar e infundir vida nova. João Batista, o precursor, propõe a conversão para preparar o caminho do Senhor e a chegada de um mundo novo de justiça e paz. ►Deus caminha conosco pelo deserto da história, ensinando-nos a endireitar as trilhas da vida através de gestos solidários de amor e paz.
Que em nossa assembléia litúrgica a voz profética de Isaías e de João ressoe, animando a nossa vida para a chegada do Salvador, fazendo com que nosso exemplo profético inspira esperança de um novo céu e nova terra, onde reinará, para sempre, a justiça de braços dados com a paz. Que na celebrar eucarística: “Anunciemos, Senhor, a vossa morte e ressurreição!”, suplicando: “Vinde, Senhor Jesus!”. A eucaristia é o prenuncia da alegria plena prometida por Cristo.
►O batismo purifica dos pecados e nos faz filhos de Deus, por isso abandonar o jogo dos poderosos e amar os humildes e marginalizados é preparar o caminho do Senhor. Então tudo vai endireitar-se, acolhendo o Messias num autêntico gesto de conversão.
O texto é o prólogo do evangelho de Marcos, anunciando suas coordenadas fundamentais, ao apresentar a Boa Notícia aos crentes, mergulhados na crise e na perseguição em Roma, como incentivo à fidelidade e identidade com Cristo. O primeiro século do cristianismo foi de grandes perseguições que, na figura Nero, num massacre contra o povo de Deus, quando foram mortos Pedro, Paulo e outros, causando risco aos perseguidos e maltratados cristãos. A pregação de João, no deserto, lembra a libertação dos israelitas, como caminho de purificação e retorno ao “deserto”, passando de escravos para livres, de mentalidade egoística para a partilha e comprometimento com a Aliança em Javé. João cumpre sua missão e o povo ouve sua voz: “toda a gente” acorria a seu apelo.
O modo de vida de João, tão forte como suas palavras, num estilo profético do Messias libertador e fiel a sua mensagem, é um exemplo de renúncia dos valores do mundo. Resumindo: João é o mensageiro, enviado por Deus para preparar os homens para a chegada do Messias, numa transformação total, capaz de mudar a vida, centralizada em Deus, sem o egoísmo que impede o nascimento de Jesus no coração e na vida. ►Ele nos impele a uma resposta sincera e fiel aos apelos de Deus que espera de nós uma resposta decidida e radical a sua oferta salvífica, fugindo do egoísmo para embarcar na aventura do Reino.
“PARA NÓS, CRISTÃOS, VIVER NÃO É OUTRA COISA QUE VIGIAR. E VIGIAR É ABRIR-SE À VIDA”. St.Agostinho
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