CRISTO - FONTE DE ÁGUA VIVA para a ETERNIDADE
A quaresma mostra que existe, em nossa vida, uma trilogia de vivência cristã: Jejum (atrita com nós mesmos), Esmola (confronta com nosso irmão) e Oração (nos relaciona com Deus). É um contexto de relações com nós mesmos, com o mundo e com Deus. A Campanha “Fraternidade e vida no planeta” é o momento de nos levar a viver esta trilogia de vida.
A proposição da Palavra reafirma Deus presente ao longo de nossa caminhada e que só Ele nos oferece um horizonte de vida eterna, de realização plena, de felicidade perfeita. A Campanha da Fraternidade é caminho e guia de nossos desejos para o sentido sagrado e eterno da vida. A palavra que nos orienta é de Cristo. Ele que saciou a sede da samaritana é fonte de vida nova e o salvador do mundo. É tempo propicio para escolher esta fonte de água viva. Sem água não há vida. Ela é vital. Sua sede é mais profunda, diz Jesus à samaritana. É a sede de espírito que pelo batismo nos une a Cristo, a fonte de água viva e dom gratuito de Deus que deseja, para todos, vida plena.
Primeira Leitura – Êxodo 17,3-7
O texto mostra Jahwéh seguindo os hebreus pelo deserto do Sinai, saciando suas necessidades e, nos momentos de crise, manifestou seu poder fazendo brotar água da rocha. É a pedagogia de Deus, dando-nos a chave para entender sua lógica, manifestada em cada passo da história da salvação. É a libertação dos hebreus, chefiados por Moisés, pelo deserto cheio de “truques”, para a terra prometida. Na sobrevivência, o Povo sentiu o sinal do amor de Deus libertador, nos seguintes episódios: na passagem do mar, a água salgada em potável, o maná e as codomizes.
O Povo de Deus, porém, nas dificuldades, esquece tudo o que Deus fez e, manifestando desconfiança nos desígnios de Deus, deixa-se conduzir pelo desespero e revolta e, contestando Moisés, desafia Deus a mostrar de que lado está. É que o povo não tinha feito ainda a experiência de fé e entrega nas mãos Divinas. A resposta de Deus é mostrar que está com seu povo, oferecendo-lhe, a cada passo, a fonte de água viva e salvação.Assim é nossa caminhada, ao longo da travessia do deserto de nossa vida, sentimos a presença de Deus libertador, oferecendo-nos sua mão salvadora, apesar nosso egoísmo, auto-suficiência e dúvidas de seu amor e dedicação. A Palavra deste domingo nos assegura que Deus nunca abandona seu Povo em sua caminhada. Ele está sempre ao nosso lado e nos santificando.
Salmo Responsorial - Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor!
Segunda Leitura: – Romanos 5,1-2.5-8
Paulo evoca o simbolismo da água e fala do “amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, e que o Senhor, apesar do pecado e da infidelidade, insiste em oferecer ao seu Povo a salvação, de forma gratuita e incondicional. O batismo é a efusão do Espírito sobre os fiéis e o Evangelho é elo de união de todos, sem distinção nem superioridade, porque todos somos pecadores e a justiça de Deus é sem limites.
Paulo reafirma que todos foram justificados pela fé, significando, na linguagem bíblica, fidelidade ao que foi assumido. Lembra que Deus é fiel apesar do homem infringir as regras da fidelidade. Paulo se refere ao homem justificado que recebe o veredicto da graça salvadora, de forma gratuita, tornando-o uma nova criatura, como filho de Deus e co-herdeiro com Cristo.
Como frutos da graça salvadora, o homem vive a paz na relação amorosa com Deus, a esperança de superar os tropeços da vida e o amor eterno do Pai através de seu Filho amado, Jesus Cristo, provando Sua presença na caminhada da vida de seu Povo. O texto nos convida a contemplar o amor de Deus por nós ao enviar seu Filho que nos deixa o caminho da salvação, expressão de Seu amor, e sua Igreja como presença do Espírito Santo, o Consolador, para nos resguardar da pouca fé, egoísmo, orgulho, auto-suficiência e pecado. Evangelho: João 4,5-42
O Evangelho segue a temática, garantindo que Deus oferece ao homem a felicidade, através de Seu Filho. Quem acolhe o dom de Deus e aceita Jesus como O salvador do mundo, torna-se um Homem Novo no Espírito a caminho da vida plena. No contexto, a história mostra a rivalidade existente entre samaritanos e judeus, de tal sorte que, após o exílio, os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos e qualquer relacionamento, além da existência de mútuo desprezo. A cena evangélica se passa no poço de Jacó (aberto em rocha alcalina à profundidade superior a 30 metros) que servia os samaritanos. É o poço da água viva.
A mulher, a quem Jesus vai ao encontro, representa a samaria que procura matar sua sede de vida plena. É como o esposo (Deus) indo ao encontro da esposa infiel (povo) para lhe mostrar o amor verdadeiro. O poço representa o sistema religioso onde os fieis buscam água da vida plena. A samaritana, pecadora, surpreende-se com a referência de Jesus aos cinco maridos, uma alusão aos diversos deuses na vida das pessoas sem as satisfazer plenamente. Jesus ocupa o lugar do poço, o Poço Novo, propondo a mulher uma água viva que matará por definitivo sua sede de vida eterna.
A água oferecida por Jesus é a Água do Espírito, já mencionada na conversa com Nicodemos, quando disse: “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”. A surpresa da samaritana, desejando remediar a falência que caracteriza sua vida, é a nossa reação frente às ações Divinas. Ela certamente se questiona se essa vida plena que Jesus está a lhe propor significa mudança de seu sistema de vida, suas crenças e pretensões religiosas. Trata-se da acolha da novidade do próprio Jesus, aderir a Ele e aceitar a sua proposta de vida. Não se trata da escolha entre o caminho dos judeus ou dos samaritanos. Não é no templo da pedra de Jerusalém que está Deus, mas em Jesus, a fonte de água viva que deseja saciar a fome dos homens. Só assim desaparecerá a inimizade entre povos pelo Espírito no coração de todos, sem discriminação, formando família de irmãos em Cristo.
A reação da samaritana a proposta de Jesus deverá ser a nossa, deixando tudo para anunciá-Lo, convincente. Como ela, vamos aceitar o desafio de Jesus, levando a mensagem de fé daquele que dá ao homem o Espírito de vida plena e que faz nascer comunidade de fé viva. A mulher samaritana, simbolizada pelos cinco maridos, é o povo excluído e, representando a busca e o encontro da Fonte que sacia a sede, promove a reconciliação e a superação dos preconceitos, onde Jesus, o novo santuário, nos leva a viver nova forma de comunhão com o Pai e com os irmãos.
A modernidade nos dá outras expectativas de que vida plena, sem a dependência de Deus, está nos avanços tecnológicos (o Japão nada pode fazer), nas gordas contas bancárias (que nada fez para salvar o milionário canceroso), no reconhecimento social pelo êxito profissional (que virou as contas ao brilhante executivo vencido pelo vício). Sem Jesus Cristo nenhuma “vida plena” sacia a sede do homem.
A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém. Escolha Sempre a vida!
Para sua meditação e vivência da Água Viva:
1) A “água viva” recebida no início de nossa caminhada, nos lembra o que?
2) Sou como a Samaritana uma testemunha viva, entusiasmando vidas novas para a Igreja?
3) Minha vida tem sido coerente com essa vida nova que recebi no Batismo?
4) Estou disposto a abandonar o caminho do egoísmo e orgulho, e abrir o meu coração ao Espírito que exige vida nova?
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