quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


3º Domingo do Tempo Comum - 27/01/2013

“VOSSAS PALAVRAS, SENHOR, SÃO ESPÍRITO E VIDA!” (João 6, 63c)
Cumpre-se hoje em mim a Palavra!”
A revelação divina nos vem através das Escrituras, da Palavra e da Inspiração, vividas e comprovadas pela Igreja.
A liturgia nos faz refletir a Palavra de Deus: ela é centro e vida na construção da experiência da vida cristã. Palavra, doutrina concreta, é o anúncio libertador que Deus dirige a todos os homens em Jesus Cristo e através de Seus seguidores, a Igreja. Jesus como bom judeu, participa da liturgia da sinagoga no dia de sábado e se manifesta num culto semanal onde costuma participar, exercendo o ministério de leitor. Ele é a palavra viva impregnada na história humana: “Hoje se realiza essa Escritura que acabastes de ouvir”.
Neste Domingo do Tempo Comum, iniciamos Evangelho de Lucas que vai inspirar a liturgia dominical Ano C. A Palavra de Jesus, Ungido no batismo pelo Espírito Santo, nos convoca a anunciar o Evangelho a todos, além de assistir os pobres, cuidar dos coxos e oprimidos, ensinando as pessoas a viver com a dignidade e liberdade, para que todo ser humano se torne amigo de Deus. Assim nós, comunidade de fé e seguidora de Jesus, que escutamos Sua Palavra e renovamos o nosso compromisso de vivê-la, como filhos de Deus, devemos anunciá-la. Na vivência litúrgica, como membros do corpo de Cristo, devemos viver e fazer memória da prática libertadora de Jesus, o ungido do Pai, na força do Espírito Santo.
A fidelidade ao caminho percorrido por Cristo é a exigência fundamental do ser cristão.
Primeira Leitura: Neemias 8,2-4a.5-6.8-10  Leram o Livro da Lei de Deus (O Torah) e explicaram seu sentido: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu.
A eficácia da Palavra de Deus, que cria assembléia, sua Igreja, já se comprovou no Antigo Testamento. Foi na restauração do culto após o exílio. Os judeus, retornando do exílio, conseguiram reconstruir o templo, as muralhas da cidade, suas próprias casas, mas vivem tempo de penúrias. Neemias reúne o Povo na praça para ouvir a leitura da Lei, feita por Esdras, lembrando o compromisso assumido com Javé, seu Deus, a fim de preparar esse novo futuro que Neemias sonha para Jerusalém e para o Povo. Neemias exorta o povo a voltar para suas casar e festejar o dia do Senhor. Na Palavra de Deus o povo encontra a sua identidade e confiança e, ao ouvir que era o dia de Deus, fez alegre comemoração. O dia consagrado ao Senhor é um dia de alegria e de festa para a comunidade que se alimenta da Palavra.
Deus deseja que Sua Palavra ocupe lugar de destaque na vida cristã e na comunidade.
Salmo Responsorial: As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida.
Segunda Leitura: 1Coríntios 12,12- Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo .
A Palavra de Deus gera a Igreja, Corpo de Cristo, e se transforma em dons diversos, conforme o carisma de cada um, como aconteceu na sinagoga de Nazaré, pela ação do Espírito Santo. É uma família de irmãos onde os dons de Deus são repartidos e postos ao serviço, numa comunhão solidária. Assim, os membros, numa unidade de apoio mútuo e solidário, se complementam e se santificam. A comunidade cristã é uma família, são irmãos que vivem em comunhão, se respeitam e se amam e jamais um campo de invejas, de interesses egoístas e mesquinhos. Tudo se resume em responsabilidade mútua e responsável, a serviço do bem comum.
Os carismas que Deus nos confia se destinam ao serviço dos irmãos e o crescimento da Igreja e não para promoção pessoal e social.
Evangelho: Lucas 1,1-4;4,14-21 Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura.
O texto apresenta Cristo como a Palavra que se faz pessoa no meio dos homens para levar a libertação e a esperança aos oprimidos pelo sofrimento e miséria. A comunidade de Jesus é a comunidade que anuncia ao mundo essa Palavra libertadora. Jesus, citando o profeta Isaías, expõe o programa da sua missão libertadora. O conteúdo fundamental, no entanto, é a salvação e a graça de Deus. Só a graça nos traz a completa libertação que inicia pela conversão e o amor aos irmãos. Para nós, como Igreja, continuar a missão que nos foi confiada é denunciar a opressão e exploração da pessoa humana. Denunciar e colaborar pela liberdade, como fazia Jesus, praticando e promovendo a justiça no combate às forças da morte. Pensar como Jesus pensou, falar como Jesus falou, amar como Jesus amou, viver como Jesus viveu (é o ideal).
Nos anos 80, sem as testemunhas oculares de Cristo, começam a surgir heresias e desvios doutrinais que põem em risco a identidade cristã. Para Lucas era preciso lembrar suas raízes e a solidez da doutrina revelada por Jesus, através dos apóstolos e discípulos. O relato descreve como o
Messias pregou a fé e o amor, a forma de concretizar a sua missão no meio dos homens e Sua proposta de libertação dirigida a todos os oprimidos, além do caminho da Igreja sua fiel seguidora. Vinte e um séculos se passaram e a essência da proposta salvadora de Cristo se mantém, no entanto o mundo continua opressor. Crianças nas ruas, sem pais, sem abrigos, milhares morrem desnutridas, idosos são abandonados, sem amor, sem o carinho merecido e a viver de míseras pensões. Sem esquecer os lares destruídos pela droga ou álcool... “Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas esquece seu irmão, é mentiroso.
A defesa da dignidade do homem, como preocupação fundamental da Igreja, deve ser a meta cristã. A Boa Notícia para os excluídos chama-se inclusão, aceitação, amor, libertação. Jesus é a Liberdade.

 Todo batizado é chamado a ser discípulo de Cristo, converter-se e divulgar o Evangelho.