quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

6º Domingo do Tempo Comum -12/2/2012

AQUELE QUE CRÊ EM JESUS SERÁ CURADO.
SE QUERES, TENS O PODER DE ME CURAR! 
A liturgia deste domingo nos mostra a realidade das pessoas com lepra e, por isso, discriminadas, excluídas da convivência humana e jogadas no abismo da segregação. Hoje muitos irmãos nossos sentem a precariedade da convivência e sofrimento em razão da pobreza, da miséria e do isolamento cultural, religioso e econômico, como se a vida se resumisse apenas na aparência ou no ter. Jesus Cristo, com seu amor revolucionário e misericordioso, nos apresenta a nova realidade de vida onde todos, como filhos de Deus, devem ser integrados à comunidade para viver como seres humanos em qualquer circunstância.
A doença não é castigo de Deus nem consequência do pecado. Por isso: Jesus, o Cristo, cura o leproso com um amor que só o Filho de Deus pode oferecer.
O DEUS DE AMOR, DE BONDADE E DE TERNURA CONVOCA A HUMANIDADE TODA (sem exclusão) PARA INTEGRAR A COMUNIDADE DOS FILHOS AMADOS.
Primeira Leitura: Levítico 13,1- 2.44-46 O leproso deverá morar à parte, fora do acampamento 
 O Levítico trata de leis, preceitos e culto a Jahwéh e da relação do Povo de Deus em consequência da Aliança, através de Moisés no Sinai, a fim de viver em comunhão com Deus, como a verdadeira vocação do homem. O texto reflete a situação de sofrimento humilhante de pessoas por causa da doença e sua exclusão da sociedade e as prescrições para curar o leproso, afim de reintegrá-lo na comunidade. A readmissão, acompanhada de um sacrifício de expiação, demonstra que a lepra estava ligada ao pecado e ao isolamento como sinal de impureza.
 Uma imagem deturpada da doença, como “tabu”, levava os homens a discriminação e rejeição do doente em nome de Deus. O paciente apresentado era banido pela autoridade religiosa sem qualquer função terapêutica, visando impedir o contágio. (Lepra, como impureza, tinha o significado de diversas enfermidades da pele e, por razões religiosas, ameaça à integridade das pessoas pelo contágio). 
O texto não apresenta nenhuma catequese do comportamento do homem com Deus, mas nos prepara para entender a boa nova trazida por Jesus, demonstrando que Deus não exclui ninguém e que todos são chamados a integrar a família dos filhos de Deus (no evangelho).
Salmo Responsorial: O salmo ressalta que a confiança, na misericórdia e no perdão de Deus, possibilita celebrar a salvação com alegria e gratidão.
Segunda Leitura: 1Coríntios 10,31-11,1 Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo
Paulo instrui os cristãos de Corintos, judeus, pagãos e a Igreja de Deus, para viver o que é essencial para um cristão: “Fazei como eu... Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo”. É preciso discernir: tudo é lícito, mas nem tudo convém. O critério da conduta deve ser a glória de Deus e o serviço do irmão.
O texto se reporta às instruções de Paulo sobre a atitude de comer ou não carne de animais imolados a ídolos e que era comercializada, o que gerava controvérsia. Para Paulo ídolo é nada, mas aconselhava evitar comer dessa carne para não escandalizar os fracos na fé. O cristão, tendo em mente a glória de Deus, deve olhar o bem dos irmãos. Ser livre é viver a fé e os valores evangélicos em função de um bem maior: o amor fraterno.
Evangelho: Marcos 1,40-45 A lepra deixou-o e ele ficou limpo
Marcos relata a cura do leproso, uma síntese dos milagres realizados por Jesus na Galiléia, região pobre e desprezada pelos judeus. Como a lepra, característica de enfermidade contagiosa, o leproso era o protótipo do marginalizado, do excluído, segregado e afastado da comunidade. Ele, no entanto, se aproxima de Jesus, implora de joelhos sua cura, confiante no poder salvador. Sua súplica é profissão de fé no Salvador. Jesus, cheio de compaixão, rompe preconceitos e “tabus”, estende-lhe a mão, toca-o e devolve-lhe a saúde e o reintegra a comunidade. Grato pela dádiva ele se transforma em testemunho da Boa Nova do Reino, a realidade no mundo e na vida dos homens.
O leproso, de sua parte, vence preconceitos e as barreiras que o afasta da comunidade e, na esperança de sair da miséria, se aproxima de Jesus humilde e suplicante. Ele sabe que é a sorte de sua vida e ele não pode desperdiçar: O “se quiseres, podes purificar-me” é sua chance. Chega de ser impuro e indigno de pertencer à família de Deus e da comunidade. Ele confia. Jesus, lendo seu coração, estende-lhe a mão com amor e o liberta: “Eu quero, fica curado!” Deus não discrimina ninguém e deseja amar e oferecer liberdade a todos seus filhos e os convida a integrar a Família do Reino, como símbolo da purificação.
Jesus, com seu gesto compassivo, ao reintegrar o leproso na comunidade, assegura que ninguém é excluído da família dos filhos de Deus. Somos impelidos, por isso, a ter a audácia do leproso para nos aproximar do Salvador, sentir seu amor e confiar a Ele nossa esperança de salvação.
Que celebração litúrgica nos faça sentir essa grande compaixão de Jesus que, frente ao sofrimento humano, estende a mão e promove a cura. Que o Senhor em sua eterna bondade nos faça sensíveis às necessidades dos sofredores e necessitados, porque Ele não pactua a miséria e o sofrimento.

AMAR É TOMAR PARA SI AS DORES DE QUEM SOFRE E LUTA POR DIGNIDADE E JUSTIÇA. É SER SOLIDÁRIO, É VER NO PRÓXIMO UM IRMÃO, É ESTENDER A MÃO E CURÁ-LO ATRAVÉS DA SIMPLES APROXIMAÇÃO.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

5º Domingo do Tempo Comum, 5/2/2012

A VERDADEIRA FELICIDADE ESTÁ NO SERVIÇO DO REINO!
Todos Te procuram.
Que sentido tem o sofrimento e a dor para a humanidade?  E Deus como reage a esse drama?  A vida é trabalho e provações. A liturgia desse domingo nos faz refletir sobre este dilema, já que o projeto de Deus para o homem é um projeto de vida e felicidade, longe da morte. Jesus tem a ciência e o poder de curar doentes e a Igreja, nos caminhos de Cristo, através da pastoral da saúde e da solidariedade, continua Sua obra. Jesus vem à casa de Pedro, o representante da Igreja, e comprova que, como Mestre, conforta, orienta e também cura. Curar é um desafio de especialista e Jesus, como o Mestre, continua até hoje a curar. A pastoral de Cristo vai além da cura física: ela nasce da sede de Deus que plenifica e dá sentido à vida, cabendo a nós fazer memória da ação de Jesus junto aos doentes.
Primeira Leitura: Jó 7,1-4.6-7; Agito-me angustiado até ao crepúsculo!
O livro de Jó é um clássico de beleza literária e apresenta reflexões sobre as questões da vida humana neste mundo e sua relação com Deus, com reflexo no sentido da vida de cada um.  O texto retrata a vida atribulada de Jó frente às provações que a vida lhe prepara. Como herói da história é um homem piedoso, com família numerosa, bom e generoso. Com doença grave, perde tudo, mas não perde a fé e a solidariedade. Para ele sofrimento é castigo de Deus, mesmo assim procura entender o sentido da vida e clama ao Deus da aliança, lembrando que sua vida é um sopro. Cristo, que por amor carregou as dores da humanidade até a morte, é a resposta ao mistério desse sofrimento.
O drama de Jó é uma catequese aos israelitas, mostrando a justiça de Deus em relação à conduta do homem: Jahwéh recompensa as boas obras e castiga os maus pela prática da injustiça e arbitrariedade com seus irmãos. O povo viva a ilusão de que o rico, vive em abundância, com vida longa e feliz, enquanto o pobre que sofria injustiças e violência dos poderosos, vive uma vida miserável, embora justo e piedoso. É essa a justiça de Deus. Jó se rebela contra essa teologia tradicional, rejeitando essa falsa imagem de Deus. Deus não é calculista e respeita a liberdade de cada um. Ele encontra a face do verdadeiro Deus e Pai no sofrimento e da dor. Dá como exemplo a vida de soldado, a de escravo e a do trabalho assalariado, como estado de vida sofredora, julgando-se o pior sofredor.
Salmo Responsorial:  O salmo ensina a confiar em Deus que conforta e cura os corações esmagados pela dor.
Segunda Leitura: 1Coríntios 9,16-19-22-23 Ai de mim se não evangelizar!
Paulo, a exemplo do Mestre, se fez servo, sabendo que evangelizar é uma obrigação e não escolhe. Tal determinação exige entrega e doação a serviço do evangelho. Apóstolo é aquele que vivencia experiências humanas na convivência fraterna, buscando o verdadeiro sentido da acolhida, indo ao encontro do outro. Por causa da Boa Notícia de Cristo, o batizado se torna livre para o serviço de todos. Paulo é o exemplo do apóstolo escolhido por Deus, sem nada exigir em troca. O texto sublima a obrigação assumida pelos discípulos em levar ao homem a proposta libertadora de Jesus por amor a Deus e ao irmão, como uma oferta gratuita, sem interesse pessoal ou título de glória.
Anunciar o evangelho, na catequese de Paulo, é obrigação e privilégio, pois quem se apaixona por Cristo, enfrenta o desafio, tornando-se paixão levar ao homem a Boa Novo do Mestre.  O “Ai de mim se não anunciar o Evangelho” traduz esse imperativo que Paulo sente e que brota do seu amor a Cristo, ao Evangelho e aos homens. Evangelizar, portanto, por iniciativa própria sem o ímpeto evangélico do “pescador de homens”, é buscar interesses, contrapondo o evangelizar por amor e renúncia de si mesmo. A síntese de Paulo é o amor a Cristo e renúncia dos próprios direitos, fazendo-se servo: Tudo para todos, sem acomodação.
 Evangelho: Marcos 1,29-39 Curou muitas pessoas, atormentadas por várias doenças.
Jesus, acompanhado de Tiago e João, visita André e Simão cuja sogra se encontra enferma. O texto sintetiza o espírito de Jesus diante do sofrimento e da doença. Os que sofrem nesse mundo esperam de nós coerência com a Boa Nova de Cristo. A mulher prostrada representa as vítimas do pecada e de situações desumanas. Jesus nos mostra o caminho da solidariedade ao se aproximar de cada um, estendendo-lhes Sua mão misericordiosa. Ele proclama a salvação, curando e libertando pessoas de todos os males e aflições, mesmo os que se opõem ao seu plano de amor. Os incrédulos discípulos vão se familiarizando e crendo no Envidado de Deus, fazendo com que a comunidade do Reino seja aos poucos formada.
Marcos apresenta Jesus como o Messias que proclama uma nova realidade no mundo, o Reino de Deus. Jesus, em comunhão com o Pai, vence mal e a dor que escraviza o homem e anuncia mundo novo de liberdade e paz. Cura com simplicidade e sem fazer teatro, oferecendo vida definitiva. Ele, cumprindo a missão do Pai, toma a iniciativa de livrar as pessoas de sofrimento e do que lhe rouba a vida. Jesus revela a presença amorosa de Deus, carregando nossas dores e sofrimentos, ensinando-nos a continuar a construção de um mundo novo.  O exemplo de Jesus mostra que o Novo Reino está ligado a uma vida em comunhão e de diálogo com Deus.
Viver em comunhão com Deus, não é fugir do mundo ou alienar-se dos problemas do mundo e dos dramas dos homens.  É, sim, tomar consciência de que o projeto de Deus para o mundo é um ponto de partida para o compromisso com o Reino. É na comunhão e no diálogo íntimo com Deus que percebemos seus desígnios e percebemos a força de Deus para nosso empenho na transformação do mundo. É preciso, portanto, que o discípulo encontre espaço, na sua vida, para a oração, para o diálogo com Deus para “encarar” o mundo.

A MISSÃO DO CRISTÃO É DE SEGUIR OS GESTOS DO MESTRE: APROXIMAR-SE DAQUELES QUE NÃO TÊM FORÇAS PARA MANTER-SE EM PÉ E ERGUÊ-LOS DA CONDIÇÃO DESUMANA NA QUAL SE ENCONTRAM E SER SERVOS DO IRMÃO E DO EVANGELHO. PERCEBEMOS NAS AÇÕES DE JESUS GESTOS DE QUEM ESTÁ PREOCUPADO NÃO SÓ EM RECUPERAR A SAÚDE, MAS PROMOVER O SER HUMANO PARA UMA VIDA DIGNA, SAUDÁVEL E REINTEGRADA À SOCIEDADE. É MISSÃO DA IGREJA É CONTINUAR A AÇÃO DE JESUS NA HISTÓRIA. POR ISSO, ELA PROPÕE A SAÚDE COMO REFLEXÃO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE DESTE ANO, TRAZENDO COMO TEMA: FRATERNIDADE E SAÚDE PÚBLICA, E COMO LEMA: QUE A SAÚDE SE DIFUNDA SOBRE A TERRA.  O PROPÓSITO É SENSIBILIZAR A SOCIEDADE SOBRE A REALIDADE DE IRMÃOS E IRMÃS QUE NÃO TÊM ACESSO A SAÚDE PÚBLICA, CLAMANDO POR AÇÕES TRANSFORMADORAS.