32º Domingo
do Tempo Comum, 11/11/2012
YGesto
de partilha é a entrega do último punhado de alimento que restou na dispensa para
satisfazer um irmão ou família faminta, é doar ao templo de Deus o real que
sobrou no bolso, como expressão de confiança na providência divina. ðDeus
nos fala dos gestos de duas viúvas que, por amor e desprendimento, abriram mãos
de sua sobrevivência para fazer o bem, certas do cumprimento de um dever e
confiantes na bondade Divina. &A liturgia, por sua vez, nos alerta
sobre a caridade que devemos ter com os irmãos necessitados, o desapego dos
bens materiais e honrarias, como resposta à fidelidade do amor de Deus por nós.
Diante de Deus, conta o que fazemos de modo simples e humilde pelo bem dos
irmãos, sem a intenção do ser visto ou lisonjeado. âÉ um alerta a nos avaliar nosso modo
de viver e a sinceridade de nossos atos,
pois um dia nós estaremos diante de Deus...
FHá gente que acha o cristão é calculista e mesquinho: só faz o bem
para ganhar o céu e salvar sua alma... &O ensinamento de Cristo é o amor gratuito, radical e incondicional.
Assim Ele exalta a generosidade de uma pobre viúva, mostrando que uma humilde
esmola vale mais que a fantástica esmola do rico que tirou de seu supérfluo. Ela
deu de sua sobrevivência e miséria, entregando sua vida nas mãos de Deus, como
fez aquela que deu o que tinha para o homem de Deus, Elias.
'Com Deus não se faz negócios: se dá tudo sem
pedir nada de volta.
Primeira
Leitura: 1Reus,17,10-16
A viúva, do seu punhado de farinha, fez um pãozinho
e o levou a Elias.
& A viúva anônima da entrada do templo
lembra a de Sarepta que ofereceu hospitalidade e partilhou o pouco alimento que
possuía com um desconhecido. Sua esperança na
palavra de Deus gerou um gesto solidário que garantiu a sobrevivência durante a
seca, no tempo do profeta Elias. ÿO ímpeto da viúva é confiar em Deus, já que
vive uma despedida.
Elias foge do ódio mortal da rainha
Jesabel, filha do rei da Fenícia. A fome o obriga a recorrer à casa de uma
pobre viúva, oposta à rainha. Sua reserva alimentar está no fim. Vai cozinhar
sua última farinha para si e seu filho e esperar a morte. ÿMesmo assim, dá preferência ao “homem de
Deus” e lhe entrega seu último “viver” e Deus a recompensa. âA história da viúva com o profeta nos mostra
que a generosidade, a partilha, a solidariedade não empobrecem, mas geram vida
em abundância.
Para nos entregar nas mãos abertas e
generosas de Deus, é preciso ter o coração das viúvas e uma fé viva.
Salmo
Responsorial:
O convite do salmista é confiar no Deus da vida que ampara a viúva e o órfão e
confunde os caminhos dos opressores.
Segunda
Leitura: Hebreu, 9,24-28
Cristo ofereceu-Se uma só vez para tomar sobre Si
os pecados de muitos - Nossa
vida deve ser uma oferta generosa a Deus e aos irmãos
&O texto apresenta a figura de Jesus, o
Filho de Deus e sacerdote por excelência, que entregou Sua vida pela salvação
dos homens e entrou no santuário do Céu, junto ao Pai. Ele deu o exemplo do
caminho que devemos seguir, mostrando o que Deus quer e espera de cada um de
nós: o dom
da vida, seguindo o exemplo de Seu Filho, mais do que dinheiro ou outros bens materiais.
Paulo, em sua catequese, diz aos hebreus
que o sacrifício de Jesus O torna o mediador da Nova Aliança, por isso cada um
deve ser fiel a sua fé, confiantes no intercessor. Cristo
veio ao mundo para libertar o homem do egoísmo e de todo o pecado, além das
estruturas opressoras que geram injustiças e morte.
âA
vitória sobre a morte e a ressurreição de Jesus, revelou que Deus aceitou Seu
sacrifício pela humanidade e não permitirá que o pecado roube e tome conta de Seus
filhos. ÿ
Ao aderir a Jesus, o autêntico cristão procura viver vida digna, cada
dia, seguindo Seus passos para fazer da própria vida um dom de amor aos irmãos.
Deus ama quem dá com alegria e deposita confiança, como a
viúva que deu o que tinha e recebeu o que não esperava.
Evangelho: Marcos, 12,38-44 Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros
&Jesus em visita ao templo de Jerusalém, centro da vida e da religião de Israel,
lugar de orações e onde as pessoas faziam suas oferendas e sacrifícios, observa o jeito de ser e de
agir das pessoas.
ðSuas
palavras são um alerta a tomar cuidado com “os que
devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações”, elas que,
além de marginalizadas, eram exploradas. “Cuidado com
os doutores da lei (os políticos de hoje) que gostam de aparecer, serem
cumprimentados e elogiados!” No
gesto da viúva, Jesus explode: “Esta pobre viúva
deu mais que todos”! Sua atitude é elogiada porque ela ofereceu o que
tinha para viver.
&O texto critica o jeito interesseiro e utilitário da sociedade, a
generosidade calculista dos ricos, contrapondo-se à generosidade dos humildes e
simples de coração:
Fazer o bem sem olhar a quem é uma imagem
ética de uma ação. 'Num mundo
competitivo onde tudo se faz pelo lucro, a marca do cristão deve ser a
generosidade. A finalidade do amor não é “ganhar o céu” que Jesus já conquistou por nós, mas abrir o coração ao necessitado.
Marcos cita o exemplo da viúva que, ao
depositar moedinhas no templo, coloca “todo o seu viver” nas mãos de Deus,
enquanto as pessoas abastadas e com muita ostentação, dão o que sobra, o supérfluo.
O episódio
mostra a falsa piedade dos escribas - a hipocrisia, e a verdadeira piedade de
suas vítimas, as viúvas, os pobres e marginalizados, sinônimos de pessoas desprotegidas. ÆÉ que certos “homens da religião” estão muito longe
do mistério da generosidade dos “homens de Deus”.
Cristo mostrou
o caminho do amor solidário onde a partilha dos bens e da vida expressam
fidelidade ao projeto de Deus.
wlimar@yahoo.com.br