EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA. QUEM CRER EM MIM VIVERÁ
A fé é vida em Deus. A catequese deste domingo nos ensina que a vida cristã é o encontro com Deus. A liturgia mostra que Jesus veio realizar o desejo do Pai, comunicando a vida além da biológica que é a vida definitiva que supera a morte. Ser discípulo de Cristo é optar por sua proposta e entrar na vida plena, vivendo segundo o Espírito, onde a morte física é uma passagem para a vida com Deus.
A Páscoa se aproxima e as leituras nos remetem à ressurreição. A Campanha da Fraternidade nos alerta para a solidariedade e o amor entre os homens e o respeito às criaturas e à natureza que esperam a liberdade da exploração gananciosa. O túmulo não é nossa última morada porque, pelo espírito de Deus, Jesus nos ressuscitou, dando vida. A ressurreição de Lázaro é o sinal de libertação, realizado por Jesus, que nos faz refletir os fatos da vida humana para uma vida nova. Que é vida nova? Para os materialistas, o sucesso depois do “aperto”. Para os espíritas, a reencarnação. Para Jesus, é Vida Plena, Ele é esta vida: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”.
Primeira Leitura: Ezequiel 37,12- 14
O povo de Deus, em terra estrangeira, sem templo, sem culto e sacerdotes, vive desesperado, duvidando de Deus. Jahwéh, o Deus presente, oferece-lhe a vida pelo Espírito. Ezequiel, o profeta da esperança e que exerce sua missão entre os exilados, descreve uma planície cheia de ossos sem vida (o Povo abandonado), mas, na sua visão, o sopro do Senhor lhe dá vida nova. Ele sentiu que só Deus é Vida e tem a Vida, por isso leva esperança aos exilados com a certeza de que Deus não os abandonou.
Este sopro de Deus nos coloca no contexto de nossa origem: do barro, pelo hálito da vida, o homem é gerado a Sua imagem e semelhança. É a nova criação de seu Povo com vida nova que o torna fiel à aliança. É o Deus da vida nos transformando para a vida plena.
Assim é em nossa vida: a morte de um familiar, a traição de um amigo, o desemprego ou a solidão, nos lança num vazio, eclipsando nossa fé. É aí que Deus toma nossa mão, nos conduz à vida plena, eliminando nosso orgulho, egoísmo, transformando-nos em pessoas novas e sensíveis. As notícias são pródigas em exercício de masoquismo, parecendo que o mundo é um campo de morte onde só existem dramas, violências e sofrimentos. É a sanha de criar impacto (factóide). Notícia boa não gera lucro. O papel do fiel cristão, como arauto, é mostrar que Deus está presente na história humana, cria vida e esperança, gerando a verdadeira profecia do Deus presente.
Segunda Leitura: Romanos 8,8-11
A segunda leitura lembra o dia de nosso Batismo quando optamos por Cristo e pela vida nova que Ele veio oferecer, esperando de nós coerência na escolha das obras de Deus que nos levam a viver segundo o Espírito. Paulo lembra que estamos ligados ao corpo de Cristo, como comunidade eclesial, em termos de unidade da revelação, destinada a todos os homens. Vivemos sob domínio do pecado, mas Deus oferece vida a todos. Paulo ressalta que vida se manifesta ao homem através de Cristo que, por sua obediência ao plano do Pai, faz com que a graça da salvação seja oferecida a todos, pelo batismo.
O personagem central da carta de Paulo é o Espírito que é o protagonista da vida nova que faz o homem crescer e amar. Em sua antítese (carne x Espírito), viver segundo a carne significa viver à margem de Deus, personalizando o homem egoísta, cheio de ódio, ambição, inveja; viver segundo o Espírito significa viver na órbita de Deus, na vida plena, pautada pela sublimidade na caridade, amor, alegria e a fidelidade de filho do Filho (com Cristo).
No dia do Batismo optamos por uma vida segundo o Espírito (a força do Pai) e a identificação com Cristo (força da encarnação). Nossa preocupação e esforço devem ser no sentido da coerência com essa opção e obediência aos planos do Pai, além do dom da vida em favor dos irmãos. Vida no Espírito é viver como Cristo viveu, doando-se plenamente. Ele veio do Pai, mediante o seu Espírito, para morar no meio de nós.
Salmo Responsorial: No Senhor toda graça e redenção!
Evangelho: João 11,1-45
Evangelho: João 11,1-45
João nos apresenta Jesus como o Messias, o enviado do Pai para criar um Homem Novo. O autor apresenta um conjunto de catequese em forma de sinais (Água, Pão, Luz, Pastor, Vida) para provar a ação criadora do Filho de Deus. O texto, sem paralelo em outros evangelhos, apresenta a morte de um homem, num triste episódio familiar (Marta, Maria e Lázaro) em Betânia. Jesus é íntimo da família, comprovado em outros episódios. João tem o cuidado de observar que Maria, é a mesma que tinha ungido o Senhor com perfume e lhe enxugado os pés com os cabelos.
Jesus declara a todos: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê e vive em mim, não morrerá jamais” e para provar faz Lázaro voltar à vida. O trio representa a humanidade sofredora e a doença de Lázaro é o mal do mundo com suas amarras de ir e vir (falta de liberdade): “desamarrem-no e o deixem andar”.
Jesus declara a todos: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê e vive em mim, não morrerá jamais” e para provar faz Lázaro voltar à vida. O trio representa a humanidade sofredora e a doença de Lázaro é o mal do mundo com suas amarras de ir e vir (falta de liberdade): “desamarrem-no e o deixem andar”.
O batismo nos dá essa vida nova como princípio de fé e adesão a Cristo e, animado por seu Espírito, nos transforma em comunidade de fé fraterna e comunhão. No entanto, se essa fé não produzir obras, empobrece e morre. O sofrimento, esperança e fé de Maria e Marta, representam nossos sentimentos. Jesus, que chorou a morte do amigo, não veio para alterar seu ciclo de vida física, libertando-o da morte biológica, Ele veio para dar um novo sentido à morte física e oferecer-lhe a vida eterna.
Seus discípulos, Marta e Maria não entenderam a demora de Jesus para salvar seu amigo, mas Ele prova que ser “seu amigo” significa vida em abundância. Marta sabe que Jesus é um profeta, mas ainda duvida de sua filiação divina. Ao ouvir de Jesus, “teu irmão ressuscitará” ela pensa apenas no Juízo final.
A catequese de Jesus faz Maria crer que Ele é o Filho de Deus, representando a catequese que nos torna verdadeiros discípulos que crê que Ele é a ressurreição e a vida. No “tira a pedra” Jesus diz que a morte física não afasta o homem da vida plena e definitiva que Ele veio dar a quem acolher sua proposta, pelo batismo, concretizando o plano do Pai. O profundo significado é que não há morte aos “amigos” de Jesus, aqueles que fazem de sua vida uma entrega ao Pai e dom aos irmãos. A história de Lázaro representa essa realidade. Pela amizade de Cristo, somos convidados a viver a vida sem medo da morte (física) e a certeza da vida plena. Somos, ainda, levados a testemunhar nossa fé batismal, transformando situações de morte, de exclusão, em vida plena.
A MORTE É BELA QUANDO A VIDA FOI BELA. A MORTE TEM SENTIDO QUANDO A VIDA TEM SENTIDO.
“AJUNTAI TESOUROS NO CÉU, ONDE A FERRUGEM NÃO CORRÓI E OS LADRÕES NÃO ROUBAM” (Mt.6,2).