quarta-feira, 12 de setembro de 2012

24º Domingo do Tempo Comum-16/09/2012

RENUNCIE A SI MESMO, TOME A SUA CRUZ E SIGA-ME
Lembrando o mês da Bíblia: Ela nos ensina que os pensamentos de Deus estão acima dos pensamentos dos homens, o que nos faz renunciar os esquemas do mundo para uma conversão e seguir os caminhos de Deus.
A Liturgia de hoje nos convida a seguir o Mestre que passa pelo caminho da cruz. A cruz pode significar as dificuldades que enfrentamos na busca de nossos objetivos e desejos, mas nem sempre estamos preparados para as adversidades. &Os ensinamentos de Jesus, comunicando Sua Palavra, abrem nosso coração, por isso façamos das Sagradas Escrituras a luz para nossas boas obras de fé no exercício da caridade. âFugindo da lógica do mundo, esse caminho nos conduz à vitória que é a vida verdadeira e a realização plena do Homem Novo. ðO Senhor nos abre o caminho para a felicidade eterna que passa pela obediência ao plano de Deus, plenificado no amor e no serviço ao irmão.
Primeira Leitura: Isaías 50,5-9a Ofereci minhas costas aos que me batiam.
O texto apresenta a figura de um servo sofredor. O tema desse poema é o sofrimento que o servo terá que suportar provocado por seus adversários e, no cumprimento da missão, enfrenta a perseguição, a tortura, a morte. ÿEle tem consciência do dever cumprido: quem confia no Senhor e procura viver a fidelidade da missão, vencerá as adversidades. ÿOs primeiros cristãos viram neste “servo de Jahwéh” a figura de Jesus. A missão do profeta é consolar os exilados judeus.  É o anúncio da esperada libertação através do mensageiro de Deus, o predileto de Jahwéh, que acolheu o chamado numa entrega total para ser o portador da alegria e da paz sem fim. O enviado, confortado pelo socorro amoroso do Senhor, nada teme.
&Jesus foi esse Servo de Deus que veio ao mundo para transmitir aos homens a Palavra do Pai. Ele entrou em choque com as forças da opressão e da injustiça, oferecendo sua vida para trazer a salvação e libertação aos homens, por isso foi torturado e maltratado porque sua proposta incomodava os poderosos. ðDeus o ressuscitou e glorificou, justificando a esperança do Servo de Jahwéh: quem confia em Deus e vive na fidelidade às suas propostas, não sairá decepcionado. Ele nos ensina a confiar na misericórdia de Deus e a certeza de sua fidelidade.
A vida posta a serviço dos oprimidos, não é perdida, pois mesmo que pereça será justificada, embora na lógica humana fracassada e sem sentido.
Salmo Responsorial:
No salmo, Deus ouve e salva o Servo que suplica em meio às aflições.
Segunda Leitura: Tiago 2,14-1
A fé que não se traduz em obras, por si só está morta
&Tiago ressalta a relação profunda entre fé e obras que são inseparáveis: “Fé sem obras é morta”. Ser Cristão é mostrar a fé pelas obras a serviço do irmão. Seguir Jesus é ser radical: doar-se é assumir riscos, provando em obras a verdadeira fé. ÿAs obras revelam os verdadeiros seguidores de Cristo, tornando visível sua fé que é aceitar a vontade de Deus. As Belas palavras encantam, as obras convencem e estimulam.  ÆO intuito do autor é exortar os cristãos a não perder de vista os valores cristãos herdados do judaísmo através dos ensinamentos de Cristo: fé se concretiza no amor sem discriminação. Para Tiago “fé se traduz em ações” para que a fé não fique em meras intenções.
ÿSer cristão não é, apenas, ser sábio e cheio de fórmulas ideológicas, registrado no livro de batismo ou ser o campeão em ajudas polpudas às obras da igreja, se no dia a dia da vida se comportar de forma contraditória. O cristão se caracteriza por aderir e conformar a vida com os valores de Cristo, seguindo seus passos com gestos concretos de solidariedade ao irmão, sem dicotomia entre a fé e a vida. âComo igreja, o cristão só será verdadeiro se souber traduzir em gestos concretos seus atos de amor e de fraternidade.
Evangelho: Marcos 8,27-35 Tu és o Messias, O Filho do Homem deve sofrer muito
O texto apresenta quem é Jesus: &O Messias libertador enviado ao mundo pelo Pai para oferecer aos homens o caminho da salvação e da vida plena. Não o Messias glorioso que muita gente esperava, poderoso e com tropas para libertar seu povo. & Ele é o Messias-servo. O servo sofredor, injuriado, maltratado, flagelado e crucificado. Caminhar com Jesus é ser capaz de aceitar o Crucificado como o Messias. ÿPara isso, o discípulo deve confessar sua fé, fazendo-a frutificar em ações. A fé de Pedro é como a nossa fé, inicialmente fraca, mas destinada a crescer pela força do mistério da ressurreição do Senhor. Portanto, ser cristão é mais que ser batizado, catequista, casado na igreja, organizador da festa paroquial ou se dar bem com o padre.
Fé é um dom precioso que se expressa e se sustenta pela prática do amor fraterno, justiça e paz.
A catequese de Marcos é mostrar Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. O povo O identifica como personagens da tradição bíblica: João Batista, Elias ou um dos profetas (o passado).
ÿPedro ouvindo a consulta do Mestre fala pelos discípulos e resolve a parada: tu és o messias! (enviado de deus – a novidade). Professar que Jesus é o Cristo significa crer no Messias que se entregou totalmente pela salvação da humanidade. ðJesus explica aos discípulos que a sua missão messiânica deve ser entendida à luz da cruz e, para evitar falsa interpretação sobre o messianismo, âordenou-lhes silêncio sobre Sua pessoa.
A oposição de Pedro significa que sua compreensão do mistério de Jesus é imperfeita: a missão de Jesus é uma missão gloriosa e vencedora, mas na lógica de Pedro tal glória não passa pela cruz. ðJesus se dirige a Pedro com dureza, para que os discípulos entendam que Sua missão está no plano do Pai. Pedro deseja que Jesus não embarque nesse plano: “Vai-te, Satanás!”, é a resposta de Jesus, fiel ao desejo do Pai. &Quem quiser ser meu discípulo “renuncie a si mesmo”, “tome a cruz” e “siga-Me”, é a sentença final de Cristo. âOutro não poderá ser o agir do verdadeiro discípulo do Mestre, isto é, fazer da sua vida um dom generoso a Deus e aos irmãos – o caminho da salvação.  
“E vós, quem dizeis que Eu sou?” É uma pergunta que deve ecoar em nosso coração e tentar perceber qual é o lugar que Cristo ocupa, na lógica do homem (Pedro) ou na de Deus (Jesus)