30º Domingo do Tempo Comum-23/10/2011

 “AMAR OS OUTROS PARA AMAR A DEUS”

No Dia Mundial das Missões e da Infância Missionária, somos chamados a refletir sobre nosso posicionamento missionário, lembrando os que, ouvindo a voz do Mestre, dão a vida pelo evangelho, no seguimento da obra salvífica do Senhor, no mundo, pela comunhão da Palavra. Recebemos a missão de continuar uma obra e desenvolver o ministério missiológico, por isso precisamos pensar nossa vocação missionária como Igreja, cuja função, no mundo, é a evangelização. Ser Igreja é ter a consciência que a principal razão da nossa existência é servir a Deus e fazer missão, cumprindo seu mandamento: “Ide fazei discípulos em todas as nações, ensinando...”

O tema básico da liturgia desse domingo nos ensina que o amor está no vértice da vida cristã. A revelação divina exige que cada um se embriague pelo novo mandamento, resumindo no amor a Deus, como cumprimento a sua vontade e, na solidariedade, partilha e doação, no amor aos irmãos.  A essência da vida do batizado é crer, no que faz, é agir, sem oportunismo e, com o coração voltado para Deus, é rezar sempre, mas, sem o novo mandamento, tudo se reduz a casuísmo vazio e sem o essencial. a exigência do amor. A grande preocupação é a desigualdade social e o Brasil, um país cristão, não consegue sinalizar a justiça exigida por Deus, lembrando que ser cristão significa ser missionário da igualdade social e do bem comum.

Primeira Leitura: Êxodo, 22,20-26  No amor de Deus todos têm sua dignidade respeitada.

O Decálogo era o coração da Aliança e definia os valores fundamentais de comportamento do Povo de Deus em relação a Jahwéh na vida comunitária e, o Código da Aliança, regulava aspectos da vida do Povo, desde o culta até as relações sociais. Por isso, o texto dá as referências do amor: o órfão, a viúva, o estrangeiro, os pobres e marginalizados, reafirmando que Deus é aliado e defende os oprimidos; Deus rejeita quem discrimina e desrespeita os direitos e dignidades das pessoas indefesas ou de qualquer condição social. Toda injustiça ou arbitrariedade praticada contra um irmão é um crime grave contra Deus: “Eles gritarão por mim e eu ouvirei o seu clamor”, o que afasta o agressor da comunhão com Deus e de sua Aliança.

A leitura se reporta às exigências impostas pela Aliança e às realidades humanas de carência, de necessidade, de fragilidade do estrangeiro (vivendo em ambiente cultural e social adverso), dos órfãos e viúvas (tradicionais vítimas dos poderosos, desprotegidos e ignorados pelos juízes), e do pobre ou pessoa em dificuldade obrigada a pedir dinheiro emprestado (em especial camponeses cheios de impostos ou empobrecidos por más colheitas). A catequese diz que Deus rejeita perpetuar tais injustiças e desrespeito a essas pessoas e, se Israel pretende viver em comunhão com Deus, deve banir tais vícios e arbitrariedades para se manter na Aliança. O dever do cristão, em suas relações sociais e econômicas, é estender a mão ao estrangeiro, acolher com amor e carinho órfãos e viúvas e não explorar as pessoas necessitadas
Salmo Responsorial:Salmo 17- Esse é o Dia que o Senhor fez para nos.

Eu Vos amo, ó Senhor, sois a minha força salvação.

Segunda  Leitura: 1 Tessalonicenses 1,5c-10  No amor não há fronteiras ou limites!

Vossa conversão, abandonando os falsos deuses para servir a Deus na espera de seu Filho, é o modelo a ser seguido. O texto apresenta o exemplo de uma comunidade cristianizada por Paulo que, embora perseguida e hostilizada, soube percorrer, com Cristo, o caminho da salvação e acolher a Palavra com a alegria do Espírito, tornando-se semente de fé e amor para o mundo grego. Paulo, o grande apóstolo de Tessalônica, feliz glorifica a Deus pelo exemplo de fé e vivência cristã desse povo, enviando-lhe carta de orientação os estimula à fidelidade ao Senhor. Eles, cientes do caminho percorrido por Cristo, como exemplo, respondem com entusiasmo e alegria, vencendo a oposição judaica e autoridades locais.

O caminho que vai de Jesus à Igreja mostra o dinamismo do evangelho que chega à salvação do mundo, com sofrimento e dor. E nós, por vezes, entendemos a fé como algo pessoal, no “eu cá tenho a minha fé”, sem o comprometimento com o outro. A fé verdadeira é a que nos liga a uma longa cadeia que vem de Jesus até nós, incluindo uma imensa família de irmãos espalhados pelo mundo inteiro.  cristão forma uma multidão onde cada um deve testemunhar sua vivência, enriquecida de fé, amor solidário e de ajuda mútua. O texto mostra que não pode existir comunidade “ilha”, mas comunidade que estabelece laços e se interage, ajudando-se mutuamente para que o projeto de Deus crie raiz e gere seus frutos e o caminho de conversão.

Evangelho: Mateus, 22, 34-40  

Os sábios do mundo não entendem a simplicidade do amor a Deus e aos irmãos

No “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, revelando o maior mandamento, Jesus coloca no mesmo plano o amor a Deus e o amor ao próximo. O texto nos remete aos últimos dias de Jesus em Jerusalém, onde os líderes judaicos, com a idéia definida, rejeitam a proposta de que Jesus vem de Deus, por isso procuram argumentos para denunciá-Lo e levá-Lo a julgamento. Passando pelas controvérsias sobre o tributo a César, ressurreição dos mortos, chega-se ao maior mandamento da Lei e eles pensam que Jesus, o filho de carpinteiro, não sabe interpretá-la. Para quem criou mais de 600 preceitos de comportamento, a questão do maior dos mandamentos era, para eles, situação polêmica. Por isso a proposta para testá-LO.

A resposta de Jesus os deixa perplexos porque situo o homem em suas opções profundas para, na Sua perspectiva, chegar às profundezas da Lei: amor a Deus e amor ao próximo, resumindo toda Lei e os Profetas, ou seja, Jesus concentra toda a revelação de Deus nestes dois mandamentos. (Lei e os Profetas: livros inspirados como revelação Divina). Jesus não se preocupava com os rituais litúrgicos ou a religião judaica, mas sua grande missão era discernir a vontade do Pai e a cumpri-la com fidelidade e amor. Portanto, seu projeto de amor era realizar o desejo do Pai, fazendo da vida uma entrega aos irmãos. Amor ao Pai e ao irmão: duas faces da mesma moeda. Donde se resume nossa relação pessoal: amar o próximo como a si mesmo-sem limites.

Ser perfeito é seguir os mandamentos. Simples? Então, por que gastamos tempo em discutir o casamento do padre, sacerdócio da mulher, anticoncepcionais, o que é ou não é litúrgico, dentre outros, deixando que o pó do tempo cubra o essencial, o primordial da proposta de Cristo? Precisamos repensar a proposta de Jesus e evitar que o lixo não nos impeça de viver, testemunhar e anunciar o essencial. Amar a Deus é vivê-LO; amar os irmãos é andar juntos, independente da situação de cada um, seguindo o plano de Deus. Por isso, “Exulte o coração dos que buscam a Deus no amor ao irmão, com dedicação e ação”.

Amarás o Senhor, TEU DEUS, de todo o teu coração e o TEU PRÓXIMO como a ti mesmo (Mc 12.29-31)

   wlimar@yahoo.com.br (faça seu comentário)