5º Domingo
do Tempo Comum-17/03/2013, Ano C
O AMOR DE JESUS MUDA A VIDA DA MULHER PECADORA E A NOSSA: “VAI E
NÃO TORNES A PECAR”
Na caminhada quaresmal, a Liturgia nos fala do amor de
Deus que nos desafia a vencer, com o seu amor e a
sua misericórdia, o que nos escraviza, convidando a nos despir da
hipocrisia e da intolerância, e nos vestir do amor para chegar à vida nova da
Ressurreição. “Faço novas todas as coisas”, Jesus, com o mesmo coração bondoso do Pai que
acolhe o filho pródigo, dá-nos exemplo de como acolher os pecadores e
conduzi-los à conversão. Último domingo da quaresma: é tempo propício para rever
nossas atitudes na família, na comunidade, na sociedade e eliminar nossos atos e
atitudes contrários ao Projeto de Deus.
A lei foi
feita para todos e Jesus não veio para julgar e condenar, mas para salvar e redimir.
A salvação está no perdão e na mudança de vida. Com seu perdão, Deus nos liberta das
fraquezas e pecados, devolve-nos a dignidade de filhos e nos educa para a
misericórdia, por isso vamos nos colocar, com humildade, diante do olhar amoroso
do Pai que com amor nos acolhe.
A
mesa da Palavra nos faz experimentar e reconhecer a misericórdia, o amor de
Deus que realiza prodígios e nos recria para uma Vida Nova em busca da
perfeição.
Primeira Leitura: Isaías 43,16-21 Eis que eu farei coisas novas e as darei ao meu
povo.
O texto apresenta o Deus libertador que acompanha com amor e dedicação a
caminhada do seu Povo para a liberdade definitiva, lembrando o êxodo do Egito. Essa
caminhada é o paradigma da libertação que Deus nos convida a fazer neste tempo
de Quaresma para nos levar à Terra Prometida, para a vida nova da salvação. O profeta, durante o exílio da Babilônia, anima o povo sofrido
com a esperança da libertação. Deus que realizou maravilhas no êxodo abrirá um
caminho novo no deserto, para conduzir o povo de volta à terra prometida, como
a mãe de todas as libertações, através do Messias prometido. Assim, a Palavra de Deus nos mostra a
imensa misericórdia do Senhor que é capaz de realizar prodígios, provando sua
bondade para nos libertar e conduzir a “Terra Prometida”, sem voltar ao passado: que sua lembrança só siva
para alimentar a esperança.
O nosso Deus é Deus
libertador que plenifica a dignidade do homem e rejeita escravidão que destrói
a vida.
O
salmista canta a salvação que reconduziu os exilados a Sião.
Segunda Leitura: Filipenses 3,8-14
Por causa de Cristo eu perdi tudo,
tornando-me semelhante a ele na sua morte.
O texto é um desafio a nos livrar de tudo que nos impede a descobrir
e a viver o essencial em nossa vida: a comunhão e a identificação com Cristo, fundamento
de nossa ressurreição.
A força amorosa do perdão é capaz de causar mudanças
profundas em nossa vida, isto é, trocar o lixo pela fé em Cristo, deixando o que ficou para trás e olhar para frente. A carta de Paulo aos amigos que o acompanham na prisão, é um
recado de esperança e gratidão ao amoroso amor de Cristo que o cativou,
mostrando o verdadeiro caminho para conhecer Cristo e sentir a força de Sua
ressurreição. Não esquecer os
ensinamentos de Jesus e fugir dos falsos pregadores, tão presente em nosso
cotidiano religioso, faz parte de seu recado. Paulo sabe que partilhar a vida com Cristo implica em luta diária e sujeita a fracassos por nossas fraquezas, pois o caminho da entrega e do dom da vida é
exigente. Chegar à vida nova, à
ressurreição, só tem esse caminho: apaixonar-se por Cristo, abandonando os
empecilhos que ele chama de “lixos”.
Para Paulo, o que importa é priorizar o essencial: viver em comunhão e identificação com Cristo, com seu serviço e a sua
entrega.
Evangelho: João 8,1-11
Quem dentre vós não tiver pecado, seja
o primeiro a atirar a primeira pedra.
O
texto apresenta uma cena dramática: uma mulher pega
em adultério deve ser morta apedrejada. Era o castigo estabelecido pelas normas
e leis vigentes. Os “inocentes” fariseus e
anciãos levam-na a Jesus, pois queriam pô-LO à prova e sentir sua reação e
julgamento. Se
Ele não a condenasse, estaria contra a lei. Se a condenasse, não era tão
misericordioso como dizia. Imaginemos a sena
patética dos acusadores, pretensos cumpridores da lei. Jesus é irrevogável: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” e, aparentemente, distraído com sua escrita na areia, aguarda a
reação e o desfecho de Sua proposta. Deixou que cada um se julgasse a si mesmo. “Eu não julgo ninguém… não vim para julgar, mas para salvar” (Jo 8,12.47). Jesus apenas escreve
com o dedo no chão, como desconhecendo o que estava acontecendo.
O episódio nos apresenta uma atualização. A Igreja é acusada de
muitos males. Ela é a pecadora que os acusadores do mundo atual desejam
apedrejar, jogando infames acusações. Os
atuais e justiceiros fariseus jogam seus erros na mulher (Igreja) pecadora. Jesus deseja que nos convertamos, deseja uma Igreja Santa,
embora pecadora, por isso Seu veredicto: “Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Podes ir, e de
agora em diante não peques mais”. Jesus rejeita o erro e nos convida a uma conversão permanente que
renovará todas as coisas em nossa vida. Ele não vem com cobranças, mas com amor, sem julgar. Sua
maneira de agir abre caminho para o difícil desafio da convivência humana que é
exigente no julgamento do outro.
Mudança
se faz com amor, sem moralismo.
Aquela mulher representa cada um de nós acolhido pelo perdão do
Senhor. É como sentir Jesus falando em nosso íntimo: “Eu estou
aqui e lhe dou o meu perdão. Vim salvar o que estava perdido. Vá e cuide para
não se adulterar com coisas que não são de Deus, não traí-LO, como fizeram os
fariseus e mestres da lei”.
Cabe-nos louvar a Deus por Sua misericórdia e caminhar para a Páscoa, aliado a
Seu projeto de vida e paz, e comprometidos com o amor sem
envelhecer no pecado. A maldade está em ver e acusar os males nos outros e não os próprios. Deus não
deseja a morte do pecador, mas que cada um mude de conduta e viva: somos
chamados à conversão com o irmão. Com a retirada dos acusadores, Jesus não pergunta à mulher se
ela está arrependida: convida-a, apenas, a seguir um caminho novo, de liberdade
e de paz – “não peques mais!”
Jesus convida os delatores a rever as
próprias atitudes: “quem não tiver pecado, condene!”, e oferece perdão e vida nova.
O nosso Deus funciona na lógica da
misericórdia e não na lógica da Lei. Não quer a morte, mas a liberdade e vida
plena. Jesus é o caminho, nós o seu rosto.
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