NÓS SOMOS A VINHA DO SENHOR
Outubro: mês do Rosário, homenageando a Virgem de Fátima. Mês dedicado às MISSÕES, fazemos memória dos grandes missionários da nossa Igreja e, seguindo o exemplo, ouçamos o chamado do Senhor para Sua vinha, trilhando o caminho da santidade.
A liturgia continua o tema da vinha,um poema composto pelo profeta Isaías, em que é descrito o amor de Deus e a resposta de Seu povo. O tema nos ajuda a entender as obras boas e ajudar a fazer justiça social. Em Mateus, Jesus retoma o poema de Isaías mencionando a recusa de Israel em abraçar o projeto de Deus que Ele oferece. Ele restabelece a nova aliança: Sua Igreja. O texto faz uma releitura da história da salvação, desde a aliança no Sinai até a formação das comunidades cristãs primitivas. Como catequese, o Senhor espera de todo cristão, obras de amor, paz, justiça, bondade e de misericórdia.
O Senhor, o grande vinhateiro, nos reúne, cuida de nós e nos alerta para atitudes coerentes com a sua Palavra de vida e salvação. “Eu sou a videira, vós os ramos, permanecei em Mim”, enxertados em Cristo, que veio para salvar a todos, somos fortalecidos para produzir frutos da justiça e do bem. Somos parte dos trabalhadores, cada um na vinha que Deus destinou, livres e capazes de produzir frutos de amor e justiça solidaria a quem o Senhor nos confia e dedica Seu Reino. O Reino é confiado a trabalhadores, fiéis discípulos missionários. Que o Espírito nos ilumine e nos conduza a ser os continuadores de sua Igreja, com virtudes e valores cristãos.
Primeira Leitura: Isaias 5,1-7 A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel.
Primeira Leitura: Isaias 5,1-7 A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel.
No cântico da vindima, Isaias descreve a relação amorosa e o zelo de Deus com Seu Povo que, infiel, não corresponde. O Povo de Jahwéh deve corresponder ao amor fiel de Deus, produzir justiça, cumprir os mandamentos e fidelidade à Aliança, libertando-se do mal. Isaias pregou por quase 40 anos, falando realidades claras e realizáveis na vida do povo, seus problemas e esperanças. Alerta para as injustiças dos poderosos que exploram a pobreza com o beneplácito dos governantes que vivem na luxúria e futilidades. A vida religiosa floresce, mas longe da realidade Divina. Para o profeta, Jerusalém deixou de ser a esposa fiel para se tornar devassa. A vinha cuidada por Deus só produz frutos amargos, desviando-se da Aliança. Na cultura judaica vinha é símbolo do amor.
O tema do profeta é sugestivo: ele alterna som doce, na canção de amor, com palavras ásperas, do trabalho na vinha. É como um poeta na conquista de sua amada. Fala na construção da vinha e seus cuidados, seguido da desilusão em função do fracassado resultado. A dedicação do amado pela “vinha” que lhe rendeu só frutos azedos, é frustrante e desolador. O poeta se transforma e muda completamente sua visão sobre a amada: manda devastá-la, deixando-a desprotegida.
O poeta conclui, vaticinando: “a vinha do Senhor do universo é a casa de Israel e os homens de Judá são a plantação escolhida”. “Ele esperava retidão e só há sangue derramado, esperava justiça e só há gritos de horror e iniquidades”. Deus é o vinhateiro e Israel é a vinha que produziu frutos ruins. Deus os resgatou e o povo não correspondeu e foi infiel à Aliança.
Na realidade, Deus não pactua com o erro e a infidelidade. Deus deseja com o Povo criar a dinâmica do amor entre irmãos. Ele nos ama e deseja nossa correspondência ao próximo. O Senhor liberta o povo e fala no amor, laços de família que leva à harmonia e a felicidade. Em fim, Ele deseja os homens felizes. É preciso ter consciência de que esta história de amor que não terminou e que Deus continua a derramar sobre nós, todos os dias, seu carinho, bondade e misericórdia, deve importar em transformação de nosso coração que leva ao amor ao irmão. O perdoai-nos como nós perdoamos... O amai-nos como nós amamos... É a nossa medida. Assim, identificamos os frutos bons que Deus espera de sua “vinha”, com justiça porque Deus não tolera “vinha” que produza fruto ruim e de mau exemplo.
Salmo Responsorial: O salmista recorda as maravilhas do Senhor em favor de Israel que sai do Egito e conquista a posse da terra, o crescimento e a expansão do povo.
Salmo Responsorial: O salmista recorda as maravilhas do Senhor em favor de Israel que sai do Egito e conquista a posse da terra, o crescimento e a expansão do povo.
Segunda Leitura: Filipenses 4,6-9 Praticai o que aprendestes e o Deus da paz estará convosco.
No texto, Paulo exorta os cristãos, como partes da vinha do Senhor, a praticar os valores e as virtudes que aprenderam com Cristo. Lembra que o cristão, que leva a vida digna, deve ser pessoa íntegra, verdadeira, leal, responsável, coerente e pura. O Deus da paz estará conosco se praticarmos o que aprendemos, produzindo frutos bons e agradáveis. Paula da prisão anima os amigos de Filipos a guardar os ensinamentos recebidos, vivendo na alegria e na paz de Deus. Viver em comunhão com Cristo é entregar-se à oração e ação de graças, na alegria com o próximo, é o caminho para a paz e a certeza da vida definitiva junto ao Pai. É como uma carta de humanismo cristão, com valores humanos inquestionáveis, que constam também do ideal pagão.
As palavras de Paulo definem as linhas básicas que devem orientar o verdadeiro discípulo missionário de Cristo. As dificuldades da vida não devem passar de acidentes de percurso, fazendo do cristão uma pessoa vitoriosa, sem alienação. O caminho de Cristo é um caminho de dom e de entrega da vida, não um caminho de tristeza e de frustração. Enxertado em Cristo é a garantia que temos de, com Ele, ressuscitar para a vida perene. O cristão deve ser alegre, de meta definida, longe da tristeza ou desânimo. Deve ser aquele que sai de uma celebração eucarística feliz, contagiando e transbordando alegria. O cristão não pode dar razão aqueles que exclamam: “os que vão à igreja são piores do que os outros!”. Daí a importância de nosso testemunho.
Evangelho: Mateus 21,33-43 Arrendou a vinha a outros vinhateiros.
Do texto se faz, por meio da imagem da vinha, uma releitura. Os dirigentes são responsáveis pela vida do povo, disponibilizando meios de crescimento e plenitude espiritual. Um modo de vida agradável a Deus consiste nos frutos da colheita. Deus, como proprietário da vinha, envia o seu Filho ao mundo para anunciar a boa nova do Reino. Ele é rejeitado, preso e condenado à morte, fora dos muros de Jerusalém. O Filho, a pedra rejeitada, é crucificado, mas, vitorioso, ressuscitou, tornando-se o fundamento da construção na nova vida, do Novo Templo, Sua Igreja. A profissão de fé no Senhor ressuscitado fortalece a missão da comunidade cristã que entende a Missão do Jesus. A missão do cristão, hoje, é de anunciar a novidade do reino de Deus, revelado de modo especial, na prática libertadora, em favor dos excluídos.
O relato, ocorrido logo após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, é um retrato da recusa de Israel em aceitar o plano de salvação que Deus oferece aos homens através de seu Filho. Deus é o Senhor que manifestou muito amor pela vinha. Os vinhateiros são os chefes de Israel. Os enviados são os profetas, o próprio Cristo. Jesus, o Messias rejeitado, anuncia que a “vinha” será retirada e confiada a trabalhadores fiéis que produzam e ofereçam a Deus os frutos colhidos, expressando sua gratidão. O próprio Cristo critica as lideranças judaicas de se apropriarem da “vinha de Deus” em benefício próprio, se recusando a oferecer a Deus os frutos devidos, por isso rejeitadas.
O Evangelho tem origem na situação econômica e social da Galiléia do tempo de Jesus. A terra estava nas mãos de grandes latifundiários que as exploravam, arrendando em várias parcelas do latifúndio a empreiteiros, geralmente camponeses e ex-donos extorquidos, em troca da maior parte dos produtos recolhidos, o que gerava mais miséria e injustiça. Diante da situação, Jesus interpela seus ouvintes: “quando vier o dono da vinha, que fará com aqueles vinhateiros?” O texto é um alerta para nós trabalhadores da vinha para, com justiça, apresentar resultados sem decepcionar o Dono na hora da colheita. A responsabilidade é de toda a Igreja, pois em Cristo nos tronamos membros do povo eleito. É nesse sentido que todo cristão está inserido nessa vinha para produzir os frutos de justiça, fraternidade e paz com alegria. É preciso semear não apenas com palavras, mas com testemunho, que é a impressão que realmente fica.
O problema fundamental que nos é posto é o da coerência, (como trabalhar na vinha e rejeitar o Filho...) como vivemos o nosso compromisso com Deus e com o Reino. Deus nos fez livres e não nos obriga a aceitar sua proposta de salvação e envolver-se com o Reino, mas, em aceitando trabalhar em sua vinha, nosso dever é produzir os frutos desejados de amor, justiça, de paz. Ele exige coerência, verdade e compromisso. É um convite sério e de compromisso com Seu projeto. No batismo sacramentamos nosso ato formal de entrada na Igreja de Cristo, sua “Vinha”. Cabe a cada um dar resposta coerente e amorosa, de verdadeiros filhos, para definir e garantir, com exemplo de vida contagiante, sua pertença definitiva na Vinha do Senhor.
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Findo mês da Bíblia, não esqueçamos a “Carta de Amor de Deus por nós”.
CATEQUESE: de origem grega, significa “INSTRUIR ORALMENTE” ou “Explicação dos MISTÉRIOS DA FÉ".