FÉ E HUMILDADE

SENHOR AUMENTA NOSSA FÉ

27ª DOMINGO DO TEMPO COMUM

 A Liturgia desse domingo nos mostra que Deus é o Senhor da história – Ele nos dá vida e liberdade; já Liturgia da palavra nos ajuda a conhecer o projeto de Deus e e discernir melhor entre o BEM e o MAL – o que nos estimula a dirigir nossas ações para a promoção da vida com liberdade ou cair na injustiça e na morte.   Propõe-nos, ainda, vários temas -  a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, - além da reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir diante de  Deus e comprometer-se com o Reino, sem exigências.

Se pelo Batismo, somos partes do projeto de Deus, é porque pelas luzes do Espírito Santo somos, também, seus discípulos missionários a serviço dos irmãos em prol da vida: aprendemos a amar, no exercício do amor, o que somente é possível com prática da fé para fortalecê-lo. FÉ É OBEDIÊNCIA A DEUS E COMUNHÃO COM ELE e o IRMÃO

Assim estimulados pela fé e abertos ao apelo da Misericórdia Divina, pelo amor, iniciamos o mês de outubro, mês do Rosário e das Missões, como obreiros do Senhor. Se somos discípulos que caminham a seu encontro, somos também servidores fiéis à missão. 

1ª Leitura (hab. 1,2-3; 2,2-4)

 

O profeta Habacuc (pouco se sabe sobre ele: o título do livro não indica o lugar do nascimento do profeta, nem o tempo histórico em que viveu que foi no final do Séc. 7º AC) grita sua impaciência e a de seu povo, convocando Deus para intervir no mundo e para por fim aos erros lá praticados.  Deus, em resposta, confirma a sua intenção de agir no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão. No entanto, dá a entender que o fará no momento oportuno, de acordo com seus desígnios. Que cabe aos bons viver sua fé, confiantes e pacientemente o “tempo de Deus”.

 

Como interpretar, hoje? Muitos questionam Deus, pela injustiça e a situação do mundo: Se Deus existe, como é que Ele permite a injustiça e a maldade, além do sofrimento dos inocentes? Como pessoas boas sofrem, morrem e os maus são compensados, vivendo com glória, honras e triunfos? São as questões errôneas que obscurecem a fé em Deus. A nossa resposta deve ser humilde porque nunca somos capazes de explicar os desígnios de Deus. Devemos lembrar que Ele deu aos homens liberdade para CADA UM CRIA AQUI NA TERRA SUA FELICIDADE ETERNA NOS CÉUS. Que os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. Que as coisas de Deus se interagem num “todo” e que nós não podemos compreender e sim respeitar e testemunhar Sua fidelidade, confiando nEle, que é compassivo e misericordioso.

2ª Leitura (2Tm. 1,6-8; 13-14)

A Segunda Carta é dirigida a Timóteo que acompanhou Paulo nas suas viagens missionárias e que, segundo a tradição, foi bispo de Éfeso. O grande mérito dessas cartas é, além do anúncio do Evangelho, o incentivo a “conservar a fé”, frente aos falsos mestres,  infiltrados nas comunidades e que ensinam falsas doutrinas. Exorta a Timóteo a perseverar no ministério e a conservar a doutrina dos apóstolos, o amor a Cristo e aos homens, com fortaleza e prudência.

Que o nosso compromisso seja como  revitalizar nossa comunhão com Cristo e com os irmãos, na oração, na escuta e na partilha da Palavra de Deus. E ainda, como conservar a fé verdadeira com a participação na comunidade ativa e conscientemente frente aos novos desafios.  

Evangelho (Lc. 17,5-10) 

Os apóstolos pediram a Jesus: “Senhor, aumente a nossa fé”! Ele respondeu: “Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta figueira brava: Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar! E ela obedeceria”. Jesus mostra que com fé tudo é possível.  É questão de atitude e vivência do amor de Deus.

O evangelho de Lucas mostra o caminho que Jesus percorre até chegar à Jerusalém e, neste caminho, seus discípulos sentem os desafios, sendo um desses a crise da fé que implica lealdade e fidelidade ao Mestre, sem comprometer seus projetos. Sabem que necessitam de fé para seguí-Lo. O Mestre não pensa em quantidade de fé, mas sim da qualidade. Ela deve ser verdadeira e convicta sob o ponto de vista humano, como uma pequena semente que se torna uma frondosa árvore. Paulo nos fala de uma fé incontinente que é a fidelidade total a Deus e ponto final.

As palavras de Jesus seguem contundentes: que o empregado deve cumprir as ordens do patrão, assim como seus discípulos devem cumprir seus ensinamentos, e que ninguém é melhor do que o outro que cumpriu sua obrigação, até porque todos fazem o que devem fazer.

O que Jesus quer mostrar é que participar do projeto de Deus é algo gratuito: por amor a serviço de um bem maior – A OBRA DO PAI.

Na questão relacionada entre o patrão e o empregado, Jesus usa fatos da vida. Não se trata de escravidão. Ele quer mostrar que os cristãos estão a serviço de Deus e os méritos só é dado por Ele. Isso implica numa transformação completa da pessoa do discípulo e, em conseqüência, uma transformação no mundo que o rodeia. Aderir ao “Reino” com radicalidade é ter na mão a chave para mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível. Mas Jesus alerta para a dignidade necessária a pessoa humana, onde Deus é a fonte de liberdade e de vida plena.

Deus rejeita os “filhos da luz” - os espertos, os aproveitadores.  

Com toda certeza Ele também rejeita os “acomodados” – os que aceitam tudo passivamente sem reagir, sem tomar atitude – como fez Seu Filho no templo expulsando os “vendilhões”. Ele não quer “piegas” – os “fogos de palha”, ou os “entusiastas”- que agem na emoção e, depois, se, acomodam. Ele também rejeita os “oportunistas” de igreja que, fora delas, somem, desaparem.

Ele deseja, SIM, os autênticos que sempre estão a serviço do Reino sem “olhar para traz”, mas firmes na trilha do Senhor, FIXOS NO AMANHÃ.

ATITUDE: Nossa fé deve ser uma adesão permanente a Deus e aos e ensinamentos de Seu Filho,  vivendo um viver autêntico e animando a vida dos irmãos na comunidade. E que Deus não é um contabilista que lança nossos “créditos e débitos” para, no final, acertar nossas contas. Nós é que traçamos nossa eternidade.

E digamos sempre: “Sim, Jesus, aumente em nós a fé, para que possamos amar-Te sempre e cada vez mais” – ASSIM SEJA.

Wlimar C de Campos