quinta-feira, 23 de setembro de 2010

VIVENDO O MÊS DA BÍBLIA

INTRODUÇÃO AO MUNDO DA BÍBLIA
(uma colaboração do Padre Ataliba Scheider)
3ª PARTE
9 – O autor da Bíblia
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTz56Ut3kETMmVI1ygnYyOThJ77kbxW3jm6rbCrUqhP1t-bWvM&t=1&usg=__rYgEbECCeou4-tQXLlTExnepuVI=Quem escreveu a Bíblia? Os 73 livros que integram a Bíblia não foram escritos por uma só pessoa. A Bíblia foi escrita por um grande número de autores humanos. Mais de 50 autores distintos, homens e mulheres como nós, trabalharam neles. Mas o seu autor principal é um só.:  Deus. Isto não quer dizer que Ele pegou papel e caneta, e começou a escrever. Deus se serviu de diversos autores humanos para escrever a Bíblia. Eles é que pegaram caneta e papel e escreveram o que estava no seu coração. A Bíblia contém a Palavra de Deus, porque o conjunto de seus escritos foram por Ele inspirados. Em todos os livros sagrados um só e mesmo Deus vai se revelando: Deus inspirou idéias, e as pessoas as escreveram na linguagem de seu tempo. Deus falou a esses escritores por meio dos acontecimentos da vida, dos costumes do povo e, também, pelo coração. Deus, mediante uma assistência especial, fez ver aos diversos autores quais as verdades teológicas e ensinamentos espirituais, que deveriam contemplar em seus livros. E eles colocaram a serviço de Deus sua inteligência, sua sensibilidade humana e o conhecimento que tinham da vida e da história do povo. A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo a Palavra de Deus. Só mais tarde o povo descobriu, aí dentro, a expressão da vontade de Deus e a presença da Sua Palavra. Deus estava trabalhando e inspirando, desde o começo, mas eles o descobriram só no final. A gente só conhece totalmente uma flor, depois que o botão se abriu, e que as pétalas são visíveis à luz do sol. O botão da Bíblia abriu totalmente na Ressurreição de Jesus.
http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSEbYswv0HApmxe1pzrRiDg9GU2HxpfnU9zhWbVxT8g0i98d74&t=1&usg=__t0Wy7nJ8w0CJCJ2P3krlj0Ae4Qk=Os autores humanos eram pessoas que faziam parte de uma comunidade, de um povo em formação. Preocupados em animar a fé em Deus e a prática da justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os irmãos, para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada já feita e apontar rumos. Suas palavras contribuíram para formar e organizar o Povo de Deus.
Tudo isso não se fez num dia. Foi um longo processo que durou séculos. Muita gente colaborou. A Bíblia, portanto, surgiu aos poucos como fruto da inspiração divina e do esforço humano. Ela é o resultado final de uma longa caminhada, fruto da ação de Deus que quer o bem das pessoas, e do esforço dos homens que querem conhecer e praticar a vontade de Deus. Ou seja, a Bíblia é o fruto de um prolongado “mutirão” comunitário do povo que procurava descobrir, praticar, escrever e transmitir aos outros a Palavra de Deus presente na vida.

10 – Podemos comparar a Bíblia a um jornal
http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcToxxaEAT_kZ6ytPdFu8cft9vZdyJPw_ciky-QF3Nx7oDAlT34&t=1&usg=__B2Giz7G2_NQ9O6oL0Li5mk387Ho=Tome em mãos um jornal qualquer. Observem, há um pouco de tudo: notícias, artigos, reportagens sobre economia, política, religião, esporte, turismo, arte; propaganda, anúncios, classificados, histórias em quadrinhos, avisos fúnebres, etc. Reparem que cada uma das matérias, cada um dos textos desse mesmo jornal, foram escritos por uma ou mais pessoas, e assinados por nomes diferentes. Apesar disso, o jornal forma um conjunto. Esse conjunto é o que, em jornalismo, se chama linha editorial. É a orientação que o jornal segue. Assim, a linha editorial do Jornal do Brasil é diferente da linha editorial da Folha de São Paulo, do Correio do Povo ou do Diário Popular de Pelotas.
Ora, quem garante essa unidade da linha editorial é a pessoa que cuida do jornal, como um todo, e que menos aparece: o editor-chefe ou diretor de redação. Ele não costuma assinar artigos, reportagens ou editoriais. Mas é ele o responsável pela linha editorial do jornal.
Da mesma forma, o editor-chefe da Bíblia é Deus. Os nomes dos jornalistas, articulistas e repórteres são Moisés, Davi, Isaías, Lucas, Paulo, João, Tiago, etc. São estes alguns nomes que aparecem assinando os textos bíblicos. Mas quem inspirou tudo, quem garantiu a unidade e a harmonia de seu conteúdo, foi o próprio Deus. É Ele o principal autor da Bíblia.

11 - A inspiração bíblica
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTuc4g0rjORn3L95Ufq1U4cjzc03iiw1bRmX_TVQFsNzSdvthc&t=1&usg=__d4-80FdEVRuYsmRf85RxdCkQCyg=Não devemos entender a inspiração bíblica” como uma espécie de “psicografia”, como se Deus tivesse tomado a mão do autor sagrado, guiando-a e conduzindo a sua escrita. Nem Deus “assoprou” ou “ditou” o que o autor humano deveria escrever. Se assim fosse, o autor estaria escrevendo uma mensagem apenas de Deus. Sua atuação seria a de um mero instrumento passivo. A “inspiração bíblica” não se deu desta forma.
Na redação do texto bíblico, o escritor humano teve a sua contribuição. Cada pessoa tem o seu estilo próprio, escrevendo de um modo todo particular. O autor bíblico, quando escreve, não está inconsciente nem a sua mão é conduzida por Deus, de maneira a escrever aquilo que não está pensando. Pelo contrário, o autor bíblico está plenamente consciente do que escreve, escrevendo do seu jeito, com o seu estilo, usando os gêneros literários de que mais gosta. A personalidade do autor sagrado é respeitada e a sua contribuição é importantíssima. Ele transmite, de modo humano, à sua maneira, a verdade que Deus quer revelar-nos. Não é possível, pois, entender a “inspiração” do texto bíblico como se fosse ditado por Deus, ou como se o autor sagrado ouvisse uma voz do alto, a voz de Deus, dizendo o que deveria ser escrito. Não que Deus não pudesse falar, e que não tenha falado, algumas vezes, diretamente. Quando encontramos na Bíblia as expressões “o Senhor me falou”, “ouvi o Senhor que me dizia”, nos deparamos com um recurso literário. O mesmo se pode dizer em relação às visões.  É indiscutível que Deus possa aparecer ou provocar visões, mas, na maioria dos casos, elas são também um recurso literário para dar mais força à mensagem. São famosas, por exemplo, as visões do Apocalipse. Seu autor (São João) faz uso desse tipo de relato,  porque as visões fazem parte do gênero literário apocalíptico. O importante é descobrir o que o autor quer transmitir na forma com que escreve.

http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRSLfd9UbgDMTEAhr_rtn7UaSjHiqsEbtT5dnNajAcWllp0hMg&t=1&usg=__ppaUmL2mj5JAgYIvhHW8fK6GxC0=Os autores sagrados escreveram a Bíblia com o olhar voltado para Deus, mas com os pés na realidade da vida do Povo de Deus. A personalidade do autor ou dos autores bíblicos, não é destruída. Entendemos, assim, porque o livro do Evangelho segundo S. Mateus é diferente do Evangelho de S. Marcos. Eles foram escritos sobre o mesmo Jesus Cristo e seu mistério, mas por autores diferentes, com objetivos diversos, para comunidades diferentes, que viviam em circunstâncias diferentes.
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSMan_31jfSDG7E2lExiTeq_3z--i0w6u5kt7LNkX7OHfuqm40&t=1&usg=__w-wXMwdG2F93n-Y-Hoqlo32cQwQ=A situação humana transparece na Bíblia. Ela é Palavra de Deus, mas é, também, palavra profundamente humana. Na Bíblia, é Deus que se revela à humanidade, falando-nos de maneira humana, através de pessoas humanas. O Concílio Vaticano II nos diz: “Na Sagrada Escritura, Deus fala através de homens e de maneira humana” (Dei Verbum, 12). É a Palavra de Deus dentro de uma “roupagem humana”. Um agricultor resumiu assim: “Deus fala misturando nas coisas: os olhos da gente percebem só as coisas, mas a fé enxerga Deus que aí nos fala”.
http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSgUum_30pMnfAuca0udFJWAdYvLzjuh6jAmtIh749jm-7Gm8s&t=1&usg=__pF7UH0qzeA6408EZTf9Hy0vCkYE=
O autor humano que escreve, sob a inspiração divina, o Livro Sagrado, também se expressa, colocando algo de si mesmo, do seu modo de ser e de ver as coisas. A vivência profunda da experiência de Deus, feita pelo seu Povo, também está ali colocada. Em vista disso, há um forte apelo. É Deus quem apela à humanidade, chamando-a a viver da sua vida. E é o autor humano que apela aos seus leitores, chamando-os à conversão, animando-os e exortando-os a seguir em frente.
Importa ressaltar que a inspiração divina se restringe, unicamente, à matéria de caráter religioso, àquilo que se relaciona com a nossa salvação. Não é intenção da Bíblia, portanto, ensinar história, geografia, biologia, ciência..., mas religião, teologia. O grande perigo é de a gente ler a Bíblia como quem lê um livro de receitas científicas (como foi criado o universo, como surgiu a humanidade sobre a terra, como se movem os astros no céu, como está organizado o universo, etc.?); ou como quem lê um livro de receitas históricas (como viviam os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, como aconteceram exatamente as dez pragas do Egito, como foi mesmo a travessia do Mar Vermelho, como foi a infância de Jesus, como vivia a comunidade cristã primitiva, etc.?); ou como quem lê um livro de receitas morais (como devo agir em qualquer situação possível e imaginável da minha vida...?); ou como quem lê um livro de receitas teológicas (neste caso estaríamos olhando a Bíblia como palavra sobre Deus, e não como Palavra de Deus). 
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSxtRo-p7s6F6yyJLesg7b1uMJYi7NCSX-OhnxrzwhQYN2mdkQ&t=1&usg=__8ugaVDImDtpn5XTcj009IyxzmBw=A finalidade da Bíblia é, unicamente, teológica, espiritual, e não histórica ou científica. Assim, por exemplo, o Gênesis não visa a relatar como se deu a Criação. Não é um relato histórico do passado, mas o seu escritor é um catequista que dá o sentido da Criação. Não visa ao “como”, mas ao “para que“. O autor não quer informar como foi o passado, mas apontar para o futuro.

12 –Lista dos livros inspirados
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTFxms08noIItXC7McHj-ZhFHtMmpjAnawZtzIjtjPNWC18zSg&t=1&usg=__0tpXlfGFX3W_LiKWidfIu5LKtFQ=O Povo de Deus foi fazendo uma seleção daqueles escritos considerados por todos de grande importância para a sua vida, e que mais ajudaram a sua caminhada. Surgiu, assim, uma lista de livros, ou de escritos reconhecidos como sendo a expressão da sua fé, das suas convicções, da sua história, das suas leis, do seu culto, dos seus cantos, da sua missão.
Lidos e relidos nas reuniões e nas celebrações do povo, esses livros foram adquirindo, aos poucos, uma grande autoridade. Tornaram-se o patrimônio sagrado do povo de Israel, porque lhe revelavam a vontade de Deus. Daí vem a expressão Sagrada Escritura.
Nós usamos a palavra lista, eles usavam uma palavra de origem grega, cânon (= norma, lista). Por isso, até hoje, se fala em livros canônicos para indicar a lista, o cânon dos livros sagrados, considerados inspirados por Deus. Esta lista de livros sagrados recebeu, mais tarde, o nome de Bíblia (ela nasceu sem nome).
Qual a diferença entre a Bíblia protestante e a Bíblia católica? A diferença provém da Bíblia hebraica, da Palestina, e a Bíblia grega, do Egito (Alexandria). Os rabinos judeus fixaram no ano 100 d.C., no Sínodo de Jâmnia (a 20 km ao sul de Jafa) a lista (cânon) dos livros do AT que eles consideravam inspirados por Deus. Foram aceitos somente os livros escritos na Palestina, em língua hebraica. Os protestantes, portanto, preferiram adotar a lista mais curta e mais antiga; já os católicos, seguindo o exemplo dos Apóstolos, ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setenta, a Septuaginta.
Há sete livros a menos na edição da Bíblia      dos protestantes: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria e os dois Livros dos Macabeus. Estes Livros são chamados “deuterocanônicos”, isto é, são da segunda (deutero) lista (cânon).
São considerados livros apócrifos” aqueles que não constam nessas listas, e que, portanto, não são considerados inspirados por Deus.

13 – Quando foi escrita a Bíblia?
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSVlgkk69OAdlc9b5ymjETjWUx7KTc34mE_lJnmdztTQ-CmJIY&t=1&usg=__SGmCA_KD40lsJNzJCrO-avkgpBQ=A Bíblia, esta coleção de 73 livros escritos por autores diversos e em épocas diferentes, antes de ser escrita, foi vivida e contada, como já vimos anteriormente. Até o ano 1300 a.C., nada existia por escrito a respeito da Revelação. Havia somente tradições orais. Também não existia ainda o Povo de Israel, mas apenas grupos de famílias unidas em clãs e tribos. A um período de mil anos de tradição oral, seguiu-se um período de mil anos de formação da Bíblia escrita.
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTkix-BmJCRp-5qAVJMKKwCh64cVG4t_AcmtIoi1QPjLJWzHdU&t=1&usg=__IlIB5yC-24Wl1jA3mb_lxAX6sO4=A Bíblia contém dois mil anos de caminhada de Deus com o seu povo. Deus mostrou-se presente na história de seu povo e o povo foi registrando os acontecimentos nos livros que compõem a Bíblia. O conjunto dos 73 livros que estão dentro da Bíblia foram escritos num período de 1400 anos, isto é, de 1300 a.C. ao ano 100 d.C. Portanto, do primeiro ao último livro, passaram-se cerca de 14 séculos. Mesmo assim, esses 73 “livros” apresentam uma extraordinária unidade e harmonia no seu conteúdo, o que só é explicável admitindo-se a Deus como seu principal autor, como o inspirador de todos eles.

14 – Em que língua foi escrita a Bíblia?
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSR91lleAaF0fofkDyK4qkgyhYxn4OVfCLu1I46X1LxRKpx9x0&t=1&usg=__luqlZhHEcmVCJI5LvlxMTcU9KmA=O AT foi escrito, em sua maior parte, na língua hebraica, na Palestina. Alguns dos últimos livros foram escritos, total ou parcialmente, em grego.
Durante o século II a.C., quando o povo judeu se achava espalhado por muitos países, os “Setenta” fizeram a tradução da Bíblia completa para o grego, em Alexandria, no Egito (a Septuaginta).
Pelo fim do século V d.C., quando o povo do Império Romano não entendia mais o grego, o Papa Dâmaso encarregou o monge Jerônimo (340-420) para fazer a tradução da Septuaginta para o latim vulgar (popular), então falado. Em 406 d.C., São Jerônimo entregou ao Papa a tradução latina da Bíblia, a assim chamada Vulgata. A partir dessa tradução oficial deveriam ser feitas todas as demais traduções da Bíblia.
http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ9P5lpOFPD4ZEmQUnER_2bZwCDxKinjoiDdeC1qLEiIsCePXc&t=1&usg=__L63v1wk3-rONvGIToMyNf5hFgGY=A Bíblia é, hoje, o livro mais editado em todo o mundo. Já foi traduzido para,  em torno de, 1700 línguas. É o livro mais divulgado e conhecido no mundo. Mas, mesmo assim, continua sendo um livro bastante desconhecido. Muita gente o tem em casa, mas não o abre para ler. Atualmente, porém, cada vez mais, desperta o interesse do povo cristão por conhecê-lo. Especialmente em nossas comunidades eclesiais de base.
           
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQI9gSojXHUxh6eiIQfpXslp3GWA-ohhqyd5FeQnNiyZERruZM&t=1&usg=__jyoFYaxr7JFjVYYjln-lpN7ddCE=A Bíblia era, até o século XV, o único manual para o estudo da religião e a catequese. Como o povo não sabia ler, a catequese vinha esculpida nos portais das catedrais. Pelo século XII, quando o povo não entendia mais o latim, surgiram diversas traduções de livros da Bíblia para o vernáculo. As autoridades eclesiásticas proibiram semelhantes traduções, especialmente na Espanha e na Inglaterra. Era vetado possuir a Bíblia em vernáculo, sem autorização especial.
 Como reação contra a Reforma protestante, por 1570, proibiu-se a tradução e o manuseio da Bíblia, em vernáculo, para os leigos em geral. Esta proibição durou dois séculos, até o ano 1770.

Os papas, a partir do final do século XIX, passaram a estimular o uso e o estudo da Bíblia, especialmente do NT. No início do século XX foi fundado, em Roma, o Instituto Bíblico, todo ele voltado a essa tarefa, formando centenas de biblistas e exegetas. Em 1943 o Papa Pio XII publicou a encíclica “Divino afflante Spiritu”, que abria as portas para o estudo moderno e científico da Bíblia. O Concílio Vaticano II lançou o documento “Dei Verbum” sobre a Revelação e a Bíblia. Estes dois documentos provocaram uma renovação geral do estudo da Bíblia que é, atualmente, o centro do ensino da teologia, da pregação, da catequese e da liturgia. Por isso, hoje, não é cristão quem não adquire conhecimentos atualizados da Bíblia, e quem não a lê e sabe usá-la adequadamente.

15 - Gêneros literários
http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR9Yt2rgghhhTavntrUoR3osU-qjkNsuxk5os6lVoqu6GbCfxw&t=1&usg=__Jgzld6sBhXW0NEzNHpnw9obBRzY=A Bíblia, além de ter sido escrita por autores diversos, em épocas diversas, foi escrita também em gêneros literários diversos. Os gêneros literários são as diversas formas de colocar, por escrito, uma determinada mensagem. Pessoas diferentes, de épocas diferentes e em situações diferentes, pensam e escrevem de maneiras diferentes. Os gêneros literários são produto das diversas culturas. Isto significa que eles variam de época para época e de povo para povo. A Bíblia foi escrita por orientais, que têm expressões, formas e maneiras de se comunicar diversas das nossas. Seu gênero literário é alegórico, simbólico.
Se vamos comparar os diversos livros da bíblia entre si, notamos que existem muitas diferenças, não só no conteúdo que apresentam como, também, na forma e no jeito como o apresentam. Mesmo dentro de um livro, de capítulo para capítulo, existem diferenças. Por que acontece isto? Em primeiro lugar, porque a Bíblia não foi escrita por um só autor humano, mas por muitos. Sabemos que pessoas diferentes pensam e escrevem de maneiras diferentes. Em segundo lugar, porque os textos foram escritos em épocas diferentes, para pessoas (destinatários) diferentes, em situações diferentes, por autores diferentes.
O que determina a escolha de um gênero literário? Os autores bíblicos utilizaram diferentes gêneros literários para atingir melhor os fins que se propuseram. Assim, em uma situação de violação da Aliança feita com Deus, numa situação de opressão, cabe uma denúncia profética, e o autor bíblico usa o gênero literário da profecia. Numa situação de desesperança, talvez seja mais interessante olhar para trás, para a salvação que Deus realizou no passado, e que é garantia de salvação no presente, usa-se o gênero literário da narrativa histórica. Se a comunidade cristã está precisando de incentivo, envia-se uma carta (era o que fazia S. Paulo).
Um determinado gênero literário era usado, também, para que os ouvintes ou leitores entendessem e assimilassem melhor a mensagem. Um profeta, muitas vezes, colocava a sua mensagem na forma de poesia porque, além de dar à profecia a força das imagens poéticas, os versos eram mais facilmente guardados na memória do povo, e mais facilmente transmitidos.
O autor bíblico usará aquele gênero literário mais adaptado às suas características e à missão a ele confiada por Deus. Deus e os autores bíblicos humanos têm uma determinada intenção, uma determinada mensagem a transmitir e, para tanto, usam este ou aquele gênero literário.
Assim, os profetas escreverão ou pronunciarão profecias, e os livros sapienciais serão escritos pelos sábios, nos gêneros literários que lhes são próprios.
A palavra humana na Bíblia, muito mais que um impessoal relato de verdades históricas, científicas ou morais, reveste-se de calor e de arte. E, como arte, os seus autores utilizam vários gêneros literários, diversas formas de escrever: as formas próprias da literatura. É a literatura inspirada de um povo, nas formas singelas da poesia, da prosa e da dramatização.
Por isso, é importante levar em conta o gênero literário quando fazemos a nossa leitura da Bíblia. Caso contrário, podemos entender erradamente a mensagem e a intenção de quem quer comunicar-se conosco, o próprio Deus. Imaginemos a decepção de um namorado ao descobrir que a carta de amor, enviada á sua namorada, foi por ela entendida como um tratado filosófico sobre o amor. Pode parecer incrível, mas é isto que fazemos, muitas vezes, ao lermos a Bíblia, que é uma grande carta de amor de Deus à humanidade.

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16 - A Bíblia é um livro diferente
A Bíblia não é um livro do passado. Não é uma relíquia. É um livro sempre atual. É palavra viva para os dias de hoje. Nós podemos descobrir-nos na Bíblia. Lendo a Bíblia, descobrimos que ela tem muito a ver com a nossa vida. Ela revela a nossa origem, nosso destino, nossa identidade, nosso caminho, nosso valor. Nela descobrimos o significado dos acontecimentos e o sentido da vida humana, a presença constante e amorosa de Deus na história da humanidade.
A Bíblia aconselha, exorta, repreende, questiona, julga, ilumina, educa, alimenta, ensina, corrige, critica abusos, denuncia erros e desvios, aponta rumos, indica caminhos.

17-Como ler a Bíblia hoje? 
Hoje devemos ler a Bíblia de tal maneira que ela seja capaz de oferecer uma visão de fé sobre a nossa realidade, e descobrir nela o apelo de Deus para a nossa realidade.
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR-3C9woCebEVm67IyxSZxxvxPBM93MFI4DXpSz9buhKdPPUHQ&t=1&usg=__86CF-BlYcdE179XkMyTiQgEu34M=A Bíblia não pode ser lida de forma ingênua, literalmente, ao pé da letra. Ela foi escrita para ser entendida espiritualmente. Nem se pode fazer uma leitura fundamentalista da Bíblia: buscar nela a confirmação das próprias idéias, a justificativa de seu modo de ver e viver. Esta seria uma leitura meramente subjetiva e manipuladora da Bíblia, usando-a em favor de nossos argumentos, fazendo Deus falar as nossas idéias.
Precisamos descobrir uma maneira de interpretar a Bíblia corretamente. A interpretação da Bíblia não depende só da inteligência e do estudo, mas também do coração e da ação do Espírito santo. Ela deve ser lida e interpretada na fé de que Deus nos fala por meio dela. Por isso, a leitura da Bíblia necessita de momentos de silêncio e de oração.
Para escutarmos a Palavra de Deus, através da leitura da Bíblia, necessitamos de uma atitude exterior de silêncio e uma atitude interior de fé. A fé é a chave para abrir a Bíblia e encontrar nela a Palavra de Deus. Quem tem fé enxerga na Bíblia mais do que as histórias que ela conta. Enxerga nela a Palavra de Deus. Ali é Deus quem nos fala através de palavras humanas, as únicas, aliás, que somos capazes de entender. A leitura da Bíblia exige óculos especiais para ser entendida: os “óculos da fé”.
É preciso, também, uma atitude de abertura: esta é um estado de espírito, uma atitude interior. Não podemos dirigir-nos à Bíblia com preconceitos, com idéias já formadas, definitivas, sem disposição de ouvir. Como poderá Deus plantar em nós a semente de sua Palavra se estamos fechados e apegados ás nossas próprias idéias.
É necessária, ainda, uma atitude de aceitação: esta já está, aliás, inerente à própria fé. Deus, porém, respeita a nossa liberdade. Ele nunca força ninguém a nada. Ele apenas propõe. De nossa parte é importante aceitar as suas propostas. Esta aceitação implica, muitas vezes, em abandonar as próprias idéias e projetos para acolher as idéias e abraçar os projetos de Deus.
Somente através dessas atitudes chegaremos ao verdadeiro conteúdo da Bíblia: DEUS.
Padre Ataliba

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